Introdução
Todos sabemos que um acontecimento histórico de grande importância
sofre a influência de diversos fatores, isso na verdade é uma coisa por demais
óbvia!
Todos sabemos também, que da mesma forma, a história da vida
de uma pessoa depende de uma série de acontecimentos, isto também é óbvio.
Mas, a história acontece no presente e não no passado!
Se um asteroide colidir com o planeta Terra (como aconteceu
a 60 milhões de anos atrás e que causou a extinção dos dinossauros) a história
da humanidade será mudada e essa mudança histórica não dependerá em nada do
contexto histórico.
Se uma pessoa levantar cedo diariamente e for cuidar da vida
dela ela vai ter um tipo de vida, mas, se ela ficar dormindo até ao meio-dia
todos os dias, sua história vai ser outra, independente dos acontecimentos ao
seu redor.
Materialismo histórico
O materialismo histórico tem como base teórica quatro cartas escritas por Engels em 1894 para Starkenburg, Bloch, Schmidt e Mehring, e que foram divulgadas por Bernstein em 1902.
Materialismo histórico
O materialismo histórico tem como base teórica quatro cartas escritas por Engels em 1894 para Starkenburg, Bloch, Schmidt e Mehring, e que foram divulgadas por Bernstein em 1902.
Tais cartas
foram usadas posteriormente pelos soviéticos para "fundamentar" a
teoria do materialismo histórico.
As quatro cartas,
em inglês, podem ser encontradas em:
Engels on Historical Materialism
From New International, Vol.1 No.3, September-October 1934, pp.81-85.
Transcribed & marked up by Einde O’Callaghan for ETOL.
Em uma das cartas
podemos tomar conhecimento da "base teórica" do materialismo
histórico, Engels diz:
"That a
certain particular man and no other emerges at a definite time in a given
country is naturally pure chance.
But even if
we eliminate him, there is always a need for a substitute, and the substitute
is found tant bien que mal; in the long run he is sure to be found.
That Napoleon
– this particular Corsican – should have been the military dictator made
necessary by the exhausting wars of the French Republics that was a matter of
chance.
But that in
default of a Napoleon, another would have filled his place, that is established
by the fact that whenever a man was necessary he has always been found: Caesar,
Augustus, Cromwell, etc."
Tradução:
"Que um certo homem em
particular e nenhum outra surja em um determinado momento em um determinado
país é naturalmente puro acaso
Mas se ele for eliminado, haverá
sempre a necessidade de um substituto, e o substituto é encontrado de uma forma
ou de outra; a longo prazo ele com certeza será encontrado.
Que Napoleão - este corso especial -
surgisse como ditador militar fez-se necessária devido as guerras desgastante
da República Francesa, era apenas uma questão de chance.
Mas que na falta de um Napoleão, um
outro teria preenchido seu lugar, isto acontece pelo fato de que sempre que um
homem se faz necessário ele sempre foi encontrado: César, Augusto, Cromwell,
etc."
Ou seja,
para Engels, Augusto não se tornou imperador de Roma por seus próprios méritos
e talentos... foi a história quem o levou a ser imperador de Roma!
Realidade empírica
Episódios decisivos e
importantes para os destinos de nações e da humanidade que demonstram que a
história depende da ação humana.
Por exemplo na vinda de D. João VI para o Brasil em 1808
existiram diversos fatores que influíram, alguns deles:
Os desejos de conquista de Napoleão, a fraqueza militar de
Portugal, a aliança da Espanha com a França, a incapacidade momentânea da
Inglaterra de defender Portugal, a existência do Brasil para onde ele podia
vir, etc, etc, etc.
Mas, Portugal tinha colônias na África além do Brasil... Angola,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique eram colônias de Portugal, D. João poderia
ter ido para uma delas, por exemplo a Guiné que é relativamente perto de
Portugal.
D. João poderia ter se exilado na Inglaterra se quisesse.
Poderia ter ido para a Ilha da Madeira para não ficar longe
de Lisboa, onde a defesa seria mais fácil.
Ou seja, D. João tinha uma série de opções, mas, dentre elas
escolheu vir para o Brasil.
Foi D. João que decidiu vir e não o contexto histórico que
decidiu por ele.
Outro exemplo é a guerra entre a Roma de Otavio Augusto e o Egito de
Cleópatra, o resultado dessa guerra decidiria o destino da Europa, se Otavio
vencesse Roma seria o centro do mundo, se Cleópatra vencesse Alexandria seria o
centro do mundo.
Os generais comandantes eram Agrippa por Roma e Marco Antonio
pelo Egito.
A batalha final foi uma batalha naval, Agrippa direcionou a
batalha final para ser uma batalha naval, por que?
Porque Agrippa sabia que Marco Antonio era um grande
general, mas, de cavalaria e não de batalha naval!
A astúcia de Agrippa e seu talento militar
decidiram a favor de Roma a guerra contra Cleópatra
Agrippa deduziu que Marco Antonio iria usar táticas de
guerra em terra, táticas de cavalaria, em lugar errado, no mar.
Agrippa estava certo, Marco Antonio fez exatamente o que ele
previu que faria e sofreu uma grande derrota.
A vitória de Roma e o destino da Europa e do mundo ocidental
dependeu do gênio militar de Agrippa.
É óbvio que uma série de outros acontecimentos secundários,
milhares deles, aconteceram, mas o ato decisivo foi a ação humana de Agrippa.
Outro exemplo, novamente o destino da Europa dependendo da ação
humana de Wellington na batalha de Waterloo.
O general inglês Wellington olhando para o campo de batalha de Waterloo,
essa sua análise e subsequentes ações decidiram a batalha a seu favor.
O destino da Europa foi decidido ali, na hora da batalha, o
que havia acontecido antes com Napoleão, sua ida ao Egito, sua guerra contra a
Rússia, a invasão e ocupação de Portugal, etc, tudo isso era passado, era ali,
no presente dele e do general inglês Wellington que o destino da história da
Europa seria decidido.
E foi, Napoleão cometeu pequenos erros táticos e Wellington
se aproveitou disso e venceu a batalha.
A batalha demorou mais de um dia, foi exaustiva, dependeu de
muito esforço e comando, mas, foi decidida ali, naquele dia, a favor da
Inglaterra, e não devido a condições históricas anteriores.
Se os generais comandantes não fossem decisivos para os
destinos de nações em guerra devido ao talento militar único que cada um possui,
qualquer soldado raso poderia comandar já que o destino da luta estaria
determinado pelo contexto histórico!
Outro exemplo foi a descoberta da América, podem citar
dezenas de fatos que influíram, existiram, mas, se não fosse o gênio e a
incansável esforço pessoal de Cristovão Colombo a América não teria sido descoberta em
1492.

Cristovão Colombo e o
ovo em pé
Depois da descoberta
da América o navegador genovês foi questionado durante um banquete se algum outro
homem poderia ter feito o mesmo que ele.
Para dar a resposta Colombo
pegou um ovo e perguntou aos presentes se algum deles poderia colocar esse ovo
em pé.
As tentativas foram
inúmeras, sem sucesso.
Após o término de
todas as tentativas Colombo achatou uma das extremidades do ovo e o colocou em
pé!
Inconformados os
presentes alegaram que qualquer um poderia deixar um ovo em pé daquela forma.
Colombo concordou com
eles, mas, ressaltou que qualquer um o faria somente se alguém tivesse a ideia
e logo em seguida a executasse!
Ou seja, depois da
coisa feita fica fácil dizer como foi feita.
A história humana é traçada da mesma forma que é traçada a
vida de cada indivíduo.
A história de uma pessoa depende do que ela faça na sua vida
e não do contexto histórico onde ela vive.
O presidente Lula nasceu em uma cidade pobre do interior de
Pernambuco, mas, saiu de lá e veio para São Paulo e devido a sua ação humana
foi presidente do Brasil, a história do Brasil dependeu dessa ação pessoal de
Lula.
O contexto histórico existe, causas existem, mas, o
resultado final depende de forma decisiva da ação humana no presente.
Se os acontecimentos históricos fossem de tal forma que
direcionassem o desfecho final de um acontecimento histórico complexo seria
possível prever o futuro!
Apesar de todos os historiadores atuais, inclusive os
materialistas históricos, saberem qual é o contexto histórico atual, em 2014,
ninguém é capaz de prever quem irá vencer a próxima eleição para presidente!
Essa é a prova empírica de que, apesar de muitos eventos
estarem envolvidos e relacionados, no presente os acontecimentos passados
deixam de existir, a história será decidida no presente pela ação direta de
seus protagonistas principais.
Sem comentários:
Enviar um comentário