É interessante e desperta curiosidade o por que o Brasil,
que até pouco tempo era uma colônia de Portugal, após a independência se tornou
um império!
Vamos fazer a seguir algumas ponderações sobre esse
interessante assunto.
Quando se fala em império logo vem a mente o Império Romano
com seus césares e imperadores, mas, existem muitas variações, existiram, ou
ainda existem, impérios de diversas formas e tamanhos.
O Império Inglês foi um grande império, porém, os seus soberanos não eram imperadores, eram reis ou rainhas.
O Império Japonês que surgiu no século XIX (1868) e durou
até o final da Segunda Guerra Mundial (1947), territorialmente era diminuto,
inicialmente era composto apenas pela ilha japonesa e mesmo depois no seu auge
durante a guerra com nações ocupadas tinha uma pequena dimensão territorial, porém,
foi governado por imperadores.
O Império Austro-Húngaro que existiu na Europa entre 1867–1918
também foi um império de pequenas dimensões e que foi governado por imperadores
na parte austríaca e por reis na parte húngara.
O Brasil com a sua grande extensão territorial é bem maior
do que estes impérios, o que neste quesito o qualifica para ser um império!
Devemos considerar também que em 1822 no Brasil não existia a
consciência territorial e nacional que temos hoje, a região do Grão-Pará, por
exemplo, era considerada uma região a parte do Brasil.
O mesmo acontecia com províncias do sul que por vários
momentos fizeram guerras de independência como a Província Cisplatina que se
tornou independente e é o atual Uruguai.
Territórios do Brasil
em 1822
Comparado com outras nações do mundo que foram chamados de
"império", em termos de extensão territorial, o Brasil é superior a
maior parte delas.
Razões políticas que
determinaram que após a independência o Brasil se tornasse um Império e não um
Reino
O grande acontecimento histórico que mudou os destinos do
Brasil foi a vinda de D. João VI para o Brasil em 1808 fugindo da invasão
francesa e a subsequente ocupação de Portugal pelas tropas de Napoleão.
Corte portuguesa embarcando para o Brasil em 1808
Se a França não tivesse invadido e ocupado Portugal com certeza
D. João VI nunca teria vindo para o Brasil, porém, acredito que D. João VI
depois de algum tempo por aqui parece ter gostado dos ares do Brasil!
D. João VI fundou aqui diversas instituições públicas e de
estado que tiraram o Brasil da condição de simples colônia e trouxeram
progresso cultural e econômico.
A criação em 1815 do Reino Unido de Portugal, Brasil e
Algarves elevou o Brasil a condição de Reino e deixou para trás os tempos de
colônia, essa ação de D. João VI foi decisiva para a emancipação do Brasil como
nação independente.
Em Abril de 1821, depois que a Inglaterra derrotou e
expulsou as tropas francesas de Portugal, D. João VI voltou para Portugal e
deixou aqui seu filho Pedro de Alcântara como príncipe regente do Brasil.
Tanto em Portugal como no Brasil os ânimos políticos
começaram a se exaltar e a 7 de setembro de 1822 D Pedro proclamou a
independência do Brasil, na sua chegada a São Paulo D. Pedro foi ovacionado
como "Rei do Brasil".
Por alguns tempos o Brasil foi o Reino do Brasil.
No dia 14 D. Pedro voltou para o Rio de Janeiro e na cidade
começou a circular um panfleto escrito por Joaquim Gonçalves Ledo, de tendência
liberal, que sugeria a aclamação do príncipe com imperador do Brasil.
A motivação de Ledo era de que se o Brasil se tornasse um
reino o país continuaria ligado a Portugal por questões de sucessão da família
real, e em sendo império essa relação familiar e legal cessaria.
José Bonifácio de Andrade e Silva era o mais influente
político no Brasil e principal conselheiro de D. Pedro, sua concepção de como
deveria ser o estado brasileiro após a independência era a implantação da
monarquia, Bonifácio achava que sendo monarquia a unidade territorial do Brasil
seria mais fácil de ser mantida porque as disputas políticas seriam menores.
Ledo e Bonifácio, apesar de serem ambos da maçonaria, eram
inimigos políticos, porém, da união das
opiniões de ambos surgiu o Império do Brasil e D. Pedro foi aclamado como
primeiro imperador em 12 de Outubro de 1822 com o título de D. Pedro I.
Sobre o tipo de
governo durante o império
Os imperadores do Brasil não foram soberanos absolutistas
aos moldes do absolutismo europeu dos séculos XVII e XVIII, existia uma
Constituição que regia os poderes, porém, além dos poderes legislativo,
executivo, e judiciário (que não era na verdade um poder) existia nessa
constituição um quarto poder exclusivo do imperador, o poder moderador, e com ele o imperador, no caso da Constituição Política do Império do Brasil de 1824,
tinha poderes que permitiam ao imperador ter o poder total de soberano da
nação.
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