quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O existencialismo é pessimista ?


 

Grande parte dos grandes filósofos em alguma parte das suas filosofias foram existencialistas, e não pessimistas, os próprios filósofos essencialmente existencialistas nunca se consideraram pessimistas, são realistas e não pessimistas... foram os críticos do existencialismo que criaram essa 'imagem" pessimista para o existencialismo, mas, ele nunca foi.

O marxismo, por razões dogmáticas e ideológicas, critica o existencialismo por este ser contrário a opinião de Rousseau de que o "homem nasce bom".

O marxismo se põe contra o existencialismo porque se o ser humano não é um bondoso ser ele não se encaixaria na "luta de classes" marxista onde os proletários estariam todos solidários uns aos outros.

Neste aspecto o existencialismo está alicerçado na experiência empírica mostrada pela história uma vez que a tal solidariedade "de classe" dos proletários nunca se efetivou espontaneamente.

As religiões cristãs criticam o existencialismo porque este diz que existe uma liberdade humana onde "tudo é permitido" e não existe deus, e se não existe deus não existe a condenação moral das religiões cristãs.

Sartre argumenta contra tais colocações dizendo que o existencialismo é um humanismo onde toda a ação humana é subjetiva, ou seja, essencialmente humana, seja ela "ruim" ou "boa".

Quando o senso comum se depara com algo que não gosta logo diz: "este é o ser humano".

Porém, isso não significa uma concepção pessimista, pelo contrário, pois se é humana, podemos ou não praticar este ato, não existe nada além de mim que me impeça de agir assim.

Por outro lado, quando o senso comum se depara com algo "bom" logo diz "graças a deus" seguindo a religião, o que contradiz o próprio preceito de "bondade humana" pois deus parece ser o único ser bom.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O que você quer da vida ?


No Grupo "Filosofia e filósofos" do Facebook foi colocada a seguinte questão:

" O que você quer da vida?"


O que se pode querer da vida!
Vejamos...

A vida, ou melhor, o contexto universal em que existimos, já me "deu" tudo que eu poderia esperar dele - não ter morrido com 1 dia de vida como morrem um milhão de seres humanos todos os anos.

O que espera da vida uma tartaruguinha que mal acaba de nascer dos ovos postos por sua mãe na praia e corre desesperada para o mar, mas, não chega, pois é engolida por uma ave das muitas que estavam ali a espera delas?

 

Então, o que somos?

- Sobreviventes.

E o que deve esperar um sobrevivente?

Continuar vivendo.

Assim é por todo o mundo animal que existe no planeta, e assim foi por milhares de anos para os seres humanos, mas, não é mais (pelo menos para uma parte deles), a realidade humana foi distorcida pelo acesso a civilização, não era para ter sido assim, mas foi.
Existe um abismo entre o que esperava da vida um bebê africano nascido a 10 mil anos atrás e o que espera da vida um bebê nascido em uma família de classe média atual...
Existe uma distorção ai... pois a realidade universal em que existimos não mudou em nada.






A "coisa em si" de Kant, Schopenhauer não concorda e Sócrates refuta!


No Grupo "Filosofia e filósofos" do Facebook foi colocada a seguinte questão:

"Schopenhauer não concordava com Kant porque esse afirmava a impossibilidade da consciência alcançar a realidade não fenomênica,o que Kant denominava, a coisa-em-si.   E você concorda com quem? ou não concorda com nenhum dos dois?   Você acha que a consciência pode ir além da realidade fenomênica?"

A respeito desse assunto dei minha opinião da seguinte forma:
Para mim é sempre difícil discordar de Schopenhauer!

Com respeito a Kant... apenas acho uma filosofia teórica ao extremo e irrelevante na prática.
A filosofia de Kant, na minha opinião, é uma continuação da filosofia grega idealista em busca da "verdade' ou do "ser", uma coisa um tanto insólita pois nem mesmo definiram o que seriam tais coisas.

Parmênides e Zenão defendiam que um martelo, uma placa e um prego em cima de uma mesa não eram 3 coisas. mas sim, uma.
Sócrates argumentou contra isso pedindo a eles para saírem da teoria e provarem no mundo físico que isso era verdade.

A nossa consciência, a consciência de cada um de nós, também é uma "coisa em si", pois, afinal, somos também uma coisa entre outras coisas.
A "coisa em si" "Kant", é igual a "coisa em si" "Schopenhauer", que é igual "a mim", que também sou uma "coisa em si" como eles.

Então, não existem segredos para a consciência sobre o que é a "coisa em si" ... ela é uma coisa em si, mas, claro, entrar dentro da "coisa em si" do outro é querer demais.
Então, não existe a diferenciação "fenômeno" e "coisa em si'... uma pedra é igual a outra pedra, ambas se reconhecem, e quando vemos uma pedra, é uma pedra que vemos e não existe "algo mais" na pedra.
 
 
Alguém daria um chute em uma pedra
supondo que ela não seja uma pedra?
O mundo é da forma que o vemos, ou melhor, existam coisas que não vemos (um eletron, uma bactéria), mas, o que vemos é realmente da forma que vemos, uma pimenta queima a boca, o açúcar é doce e Silvio Santos é um apresentador que identificamos se colocado entre outros, todos são "coisas em si" que nossa consciência conhece, supor que SS não seja SS, e contenha algo mais "desconhecido" ao qual a nossa consciência não tem acesso, é refutado com a mesma argumentação de Sócrates a Zenão.



quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Existe uma "natureza humana" ?

No grupo do Facebook "Filosofia Φιλοσοφία e Filósofos" foi publicado um artigo ao qual fiz um comentário pois na minha opinião trata-se de um tema de muita importância e que está direvionando o destino da humanidade, vou colocar aqui apenas a parte inicial, o texto completo está em:


Texto inicial:

"Diferente de todos os outros seres naturais, o ser humano é um ser errante, não possui de forma específica um “ambiente natural”.
Seu “mundo” não é estruturado de forma estática pelas exigências de seus instintos, é um mundo aberto, sem moldura certa para as paisagens voláteis do seu devir.
Por isso, para a psicanálise, tornar-se humano é sempre um sintoma de um longo processo de “fabricação”.

Diferente de uma longa evolução pré-estabelecida pela natureza, nossa real natureza é não ter nenhuma “natureza real”.

O termo romântico: “natureza humana”, serve no máximo, para descrever de maneira ingênua, uma montagem histórica extremamente complexa."

Autor:  Marcos Oliveira


O meu comentário foi o seguinte:

Sobre se o ser humano é um ser errante e sobre se realmente não existe "natureza humana".
Tais conceitos são importantes para a humanidade pq, na minha opinião, estão conduzindo a formação do "senso comum" da humanidade e irão decidir seu destino no futuro a médio prazo.
O conceito de que não existe natureza humana a algumas décadas e na atualidade com grande ênfase foi adotado pelo marxismo "cultural", sempre atuando de forma inconsciente nas escolas e na midia, visando destruir a cultura ocidental "burguesa" causa segundo os "intelectuais" marxistas de o marxismo não ter sido aceito no ocidente.

Segundo o marxismo "cultural" é a cultura que determina o comportamento dos humanos, no caso a cultura "burguesa", por isso, não deve existir "natureza humana", uma vez que se ela existir cai por terra a alegação de que é a cultura que determina o comportamento humano.

Esse dogma marxista é a imposição doutrinária da "famosa" frase de Rousseau - "O homem é por natureza bom, é a sociedade que o corrompe".
Os marxistas tomaram o poder em 50 nações do mundo no século XX, 2 bilhões de pessoas sob governo socialista, e impuseram esses conceitos, tiveram que prender e matar milhões de seres humanos "dissidentes" porque os seres humanos demonstraram que tem sim natureza humana, e por fim o socialismo marxista "real" faliu porque seus conceitos estão fora da realidade humana.

Um dos maiores exemplos que refutam esse dogma marxista foi a afirmação de Marx de que "os proletários não tem pátria" - não tem pátria porque não existe natureza humana, porém, os proletários alemães, ingleses, norte-americanos, etc, já refutaram essa alegação marxista e provaram que tem pátria sim, e essa forte emoção, o patriotismo, é fruto da natureza humana, uma vez que os demais animais não a possuem.
Paul Ekman, um eminente psicólogo norte-americano fez pesquisas com os indígenas da Guiné, e diversas outros estudos, com as emoções e suas respectivas reações, expressões faciais e corporais e comprovou que elas são universais, todos os humanos demonstram nojo (e demais emoções) da mesma forma, isso em qq época e em qq cultura.

Todos os humanos quando sentem nojo
se expressam dessa forma

A própria afirmação do professor de que o ser humano é um ser errante é um indício que essa é uma característica da natureza humana.
E veja, Freud acreditava na existência da natureza humana...

Em seu livro "O mal estar da civilização" Freud se refere a natureza humana em duas passagens:
"Se também removermos esse fator, permitindo a liberdade completa da vida sexual, e assim abolirmos a família, célula germinal da civilização, não podemos, é verdade, prever com facilidade quais os novos caminhos que o desenvolvimento da civilização vai tomar; uma coisa, porém, podemos esperar; é que, nesse caso, essa característica indestrutível da natureza humana seguirá a civilização." pg 30

"Acho também bastante certo que, nesse sentido, uma mudança real nas relações dos seres humanos com a propriedade seria de muito mais ajuda do que quaisquer ordens éticas; mas o reconhecimento desse fato entre os socialistas foi obscurecido, e tornado inútil para fins práticos, por uma nova e idealista concepção equivocada da natureza humana." pg 48.
Existem muitas outras colocações que eu poderia citar para demonstrar que existe "natureza humana', mas, acho que estas três já são suficientes.

Quanto ao ser humano ser um ser errante, pode ter sido, mas, o ser humano nunca foi errante como uma pantera negra ou um urso pardo, ser errante para o ser humano foi uma necessidade vital, para sobreviver, na hora em que teve capacidade para se fixar o ser humano se fixou, criou cidades com muros para viver de forma privada.

Como afirmou Ayn Rand, em uma brilhante visão intuitiva dessa grande filósofa - "A civilização é o avanço de uma sociedade em direção à privacidade. O selvagem tem uma vida pública, regida pelas leis de sua tribo. Civilização é o processo de libertar o homem dos outros homens."
Parte dos seres humanos atuais são uma nova espécie homo que está se formando, frágeis, delicados, não carnívoros, e que dão grande valor a "sua" privacidade..... homo "fragilis".

Essa nova espécie de ser dá grande valor ao "seu" travesseiro, a "sua" cama, e o "seu" quarto é um local sagrado, neles não existe nada de errante.

Uma pessoa que sai a rua em defesa do planeta com um cartaz na mão que diz "Kill your self"... não é mais um homo sapiens, pois prefere a morte dos que não são iguais a ela.
Pessoas que a algumas décadas fazem continuamente filmes onde a humanidade é destruída por alguma invenção de suas cabeças e ficam apenas alguns iluminados para darem origem a um "nova humanidade"... não são mais homo sapiens....

A evolução da espécie humana não precisa mais ser no corpo em si, pois já está bem formado, apenas alguns retoques restam, a evolução agora é na mente, o "superego" que Freud determinou a existência é uma evolução mental, apenas os humanos a possuem, só que, nesta nova espécie homo "fragilis", um superego diferente se formou, e os valores deste novo superego não são iguais ao anterior.
Mas, o anterior ainda existe em parte da humanidade, em especial no oriente, e estas duas espécies, devido a opressão "cultural" que a nova espécie quer impor a todos para forçar serem iguais a ela, vai levar inevitavelmente a um choque entre ambas.

Acredito que devamos levar em conta tais coisas se quisermos entender o que está acontecendo na humanidade atual.
 
 
 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Sobre algumas críticas que são feitas a Karl Popper e a Charles Darwin e as suas respectivas teorias




Sobre Karl Popper

O assunto que Popper tratou, a definição da verdade, obviamente, foi tratado por outros pensadores anteriormente.
David Hume, e outros dissertaram sobre o tema "definição da verdade", todos contribuíram para a evolução das ideias nesse tema, Popper também dissertou sobre esse mesmo tema, mas, claro, Popper não disse as mesmas coisas que Hume e demais filósofos disseram anteriormente!
Se Popper tivesse feito isso a comunidade científica mundial não teria dado a ele todo o crédito que deu!

O método de Popper do "falseamento" pode ser explicado de forma empírica de uma maneira bem clara e de fácil entendimento, por exemplo:

A teoria de que a água ferve a 100 graus Celsius, podemos testar essa teoria?
Sim, podemos, colocamos um litro de água para ferver em uma ambiente adequado aceito pela ciência e colocamos um medidor de temperatura na água, quando a água começar a ferver verificamos se a temperatura da água está em 100 graus Celsius.
Se estiver a teoria é cientificamente válida.


Sobre Charles Darwin

Charles Darwin escreveu um livro, o título foi:

Em inglês:
On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life.

Em português:
Sobre a Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural ou a Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida.

O principal título do livro é "Sobre a origem das espécies", espécies existem e outras deixaram de existir, isto é um fato comprovado, então, por que existem variadas espécies? 

Uma pergunta que clamava por uma resposta!

O que fez com que surgissem tantas espécies e o que fez as que existem se manterem vivas já que muitas espécies se extinguiram?

Neste livro Darwin não pretendeu instituir uma nova ciência, Darwin apenas mostrou o que ele observou nas suas experiências empíricas em suas viagens e propôs - uma teoria - não uma ciência, para explicar o por que da existência das espécies.

Neste seu livro Darwin apresentou fatos e deduções (inferências), podemos relaciona-las a seguir:

1. Cada espécie viva é fértil o suficiente para que parte dos descendentes sobrevivam e se reproduzam, fazendo com isso a população se manter ou crescer (fato).

2. Recursos como água e alimentos são limitados e estão relativamente estáveis ao longo do tempo (fato).

3. Em vista disso a luta pela sobrevivência se acontece (inferência).
4. Indivíduos em uma população variam (são diferentes) entre si (fato).

5. Grande parte desta variação é hereditária (fato).

6. Os indivíduos menos adaptados ao ambiente são menos propensos a sobreviver e menos propensos a se reproduzir; indivíduos mais adaptados ao ambiente são mais propensos a sobreviver e mais propensos a se reproduzir e deixar as suas características hereditárias para as gerações futuras, o que produz o processo de seleção natural (inferência).

7. Este processo de seleção é lento porque parte das populações mudam dos locais onde vivem para um ambiente onde se adaptem melhor, e finalmente, as variações entre os grupos que se mudaram e os que ficaram se acumulam ao longo do tempo para formar novas espécies (inferência).

Então, a Teoria de Darwin não foi por ele dada como ciência porque nela existem fatos comprovados e suposições (inferências) que restam ser provadas.

Porém, existem várias ciências que passaram a existir a partir da Teoria da Seleção Natural de Charles Darwin, tais como a Filogenia e a Genética Populacional dentre outras.


Dois fatos evidentes

No planeta perceber dois fatos:

- existem variadas espécies vivas.
- existiram variadas espécies que foram extintas.

 Por que estes dois felinos existem diferentes ?

Por exemplo o ser humano pertence ao gênero "homu", é comprovado pela ciência que além de nós humanos existiram outras espécies de homu, como o neandertal, herectus, etc, existem duas perguntas que pedem para ser feitas:

- Por que não existiu apenas uma espécie homu, por que existiram várias espécies homu?
- Por que apenas o homo sapiens sobreviveu e as demais espécies foram extintas?

A humanidade não deve pensar nisso nem tentar responder a essas perguntas porque tais questões são difíceis de provar empiricamente?
Claro que não!

O que Darwin fez foi tentar responder a essas perguntas, e o fez com maestria, apresentando uma resposta lógica para elas, algumas coisas Darwin demonstrou, outras não, a ciência continua a buscá-las.

E a maior parte da humanidade tem Darwin em excelente conceito, mas, obviamente, sempre existirão aqueles que não vão gostar dele e vão tentar desmerecê-lo.