terça-feira, 28 de abril de 2015

"Clube dos Trinta" e a sua decisiva contribuição para a eclosão da revolução francesa.

O marxismo "cultural", depois de 80 anos de atuação subversiva nas universidades da sociedade ocidental e em seguida nas escolas em geral, atuando principalmente nas aulas de História, Filosofia, Geografia, Direito, Artes, Letras, Pedagogia e Sociologia, conseguiu muitas "transformações" na cultura ocidental, uma das maiores foi transformar a revolução francesa em uma "revolução burguesa"!

Marxistas gostam de usar o termo "histórico", pois bem, essa foi uma das maiores trapaças "histórica" em relatos da história feita pelo marxismo "cultural"!

A revolução francesa não foi nenhuma "revolução burguesa" pelo simples fato que não existiam burgueses na França no século XVIII, a França era na época era uma nação dependente do que lucrava com o trabalho escravo nas colônias e com agricultura, em especial vinculas e seu comércio, na França.

Existe um site em francês que relaciona todos os deputados do Parlamento francês em 1789, nenhum deles era burguês, a maioria era funcionário público, profissional liberal, a maioria advogados ou médicos, comerciantes e agricultores.

Os líderes da revolução francesa foram:

Marat, médico fracassado.
Danton, advogado fracassado.
Robespierre, outro advogado fracassado.
La Fayette, era um aristocrata francês, tinha o título de Marques, era também militar.

Estas quatro pessoas, que não tinham absolutamente nada de burgueses, foram os líderes da revolução francesa.

Os três primeiros eram pessoas que não se deram bem nas profissões que escolheram e viraram políticos, e La Fayette, era o oposto do burguês! Era aristocrata, pertencia a nobreza francesa!
A revolução francesa foi feita por essa gente e não por burgueses.

O Parlamento francês não era livre como o da Inglaterra e EUA, no Parlamento francês existiam 3 "estados", o primeiro estado era o clero (a igreja), o segundo estado era a aristocracia (a realeza), e o terceiro estado era o povo, porém, todos eles estavam submetidos ao poder total do rei absolutista.

No final do século XVIII a França estava falida, a corte real em Versalhes consumia a maior parte do dinheiro dos impostos pagos apenas pelo povo.
A solução encontrada pelo ministro das finanças do rei Luis XVI, Jacques Necker, foi cobrar impostos dos únicos que não pagavam, a realeza e a igreja.
Isso causou enorme descontentamento na realeza e em especial no clero que nunca havia pago impostos, para reagir contra isso a realeza e clero fundaram em 1788 o chamado "Clube dos Trinta" e através dele passaram a criar panfletos difamatórios contra a família real, inclusive contra a rainha, essa ação continua por toda a França gerou agitação e instigou o povo contra o rei.

Para resolver a situação o rei, para sua desgraça, convocou o Parlamento (o Parlamento francês não atuava continuamente, precisava ser convocado pelo rei), com o Parlamento em seção a agitação fora dele saiu do controle do Clube dos Trinta e levou a revolução.
Essa foi a causa da revolução francesa.

Na Wikipédia existe um artigo sobre o Clube dos Trinta, vou colocar a seguir o texto da Wikipédia:

"Clube dos Trinta, (Club des Trente, em francês) foi a designação do órgão directivo de um autodenominado movimento patriota constituído no início de 1788, que conspirou contra Jacques Necker, ministro das finanças de Luís XVI, e que veio a ter um papel importante no desenrolar da Revolução francesa.
Integraram este Clube, desde o início, o duque de Montmorency-Luxembourg, Talleyrand (bispo de Autun), duque de Biron, bispo Louis (conselheiro no Parlamento), Trudaine (conselheiro no Parlamento), marechal Beauveau, marquês Condorcet, bispo Sieyès, visconde de Noailles, Dupont de Nemours, Freteau, Lepeletier Saint-Fargeau, Mirabeau, La Fayette, Target, Lacretelle, conde de Castellane, e Duport.
As reuniões faziam-se aos domingos, terças e sextas-feiras, entre as 17h e as 22h, na casa de Duport, só podendo ser admitidos novos membros por voto unânime dos presentes.
Segundo o testemunho do duque de Montmorency-Luxembourg, este clube 'desprezava Necker mas via-o como um manequin necessário para agitar a população, levando-a à efervescência'.
Deste "Clube dos Trinta" terão saído muitos dos panfletos e brochuras que inflamaram os espíritos contra o ancien régime nas vésperas da Revolução francesa.
Alguns desses panfletos ficaram famosos.
Por exemplo em Anjou, o que foi preparado por Larévelliere-Lépeaux (sob a máscara de um trabalhador); o de Rabaud-Saint-Etienne em Nimes; o do futuro braço direito de Robespierre, Anthoine, distribuido na região de Metz; o de Maurius Bourgeois, membro da loja "La Frenchise" de Chartres; o famoso Charges d'un bon citoyen de la campagne emitido pelo comité Baco-Cottin na região de Nantes; em Châlons-sur-Marne, as "memórias" dos notários Delacourt e Billy; e a muito célebre brochura do bispo Sieyès, Qu'est-ce que le Tiers-Etat?, distribuida em toda a França.
O dinheiro não faltava, muito do qual fornecido pelo duque de Orleans.

Referências
Pierre Gaxotte (da Academia Francesa), La Revolution française, Paris, Arthème Fayard, 1957, pp. 120–122."


A revolução francesa foi uma carnificina que decepou 4 mil cabeças e seu legado foi o ditador Napoleão Bonaparte.
Não foram liberdade e democracia o legado da revolução francesa...

Na Inglaterra e EUA as revoltas produziram liberdade e democracia que vigoram até hoje, mas, a revolução francesa não, depois dela veio Napoleão e depois dele retornou a monarquia absolutista que durou até 1870, que só findou depois da derrota na guerra contra a Prússia.

A França foi uma das últimas nações da Europa a se tornarem democracia e a libertar os escravos.
Esse foi o legado da revolução francesa.

Nas fotos abaixo o bispo Sieyès e o panfleto subversivo de sua autoria.






sábado, 18 de abril de 2015

Yinyang

Yinyang

Na mesma época que a filosofia grega se desenvolvia no Ocidente, no Oriente outra filosofia, bem diferente, também de desenvolvia, em especial a filosofia chinesa.
A filosofia chinesa possui algumas escolas, dentre elas temos:
confucionista, moísta, legalista, fatalista e taoísta.
Entretanto, alem destas correntes filosóficas existe um outro conhecimento que não se pode classificar necessariamente como sendo filosofia, apesar de ter ao longo de séculos tomado o tempo de centenas de pensadores.

Esse conhecimento é o Yinyang.
Yin e Yang.
Escuro e claro, frio e quente, fechado e aberto.

Me interessei tardiamente por este conhecimento...
Passei a me interessar por ele na medida que fui chegando a conclusão que dentro de nós, de todo ser humano, existem duas forças divergentes, forças que não conseguimos definir ou separar, e menos ainda dominar.
Dentro de nós existe "algo" que nos faz agir de forma diferente daquela que conscientemente desejamos agir.
Isso pode acontecer das mais variadas formas e nas mais variadas situações.
Muitas vezes não queremos pensar em uma determinada coisa, pode ser algo ruim ou bom, pode ser algo que trás medo ou felicidade, por alguma razão não queremos pensar naquilo, mas, indefesos estamos, a coisa vem a nossa cabeça sem que queiramos, e por mais que a expulsamos ela volta.
Muitos dizem que são "monstros" que nos atormentam.
Tais "monstros" variam em intensidade e frequência de pessoa para pessoa... é uma questão yngyang.
Se uma pessoa estiver com seu yinyang em harmonia tais monstros desaparecem!
Freud tratou do assunto cientificamente, Freud descobriu que a nossa mente, ou nosso corpo, possui um Id, um Ego e um Superego, Ego e Superego estão em confronto constante, são forças opostas que nos impelem muitas vezes a fazer o que não queremos conscientemente fazer.
Mas, o conhecimento chinês yinyang, apesar de não ser necessariamente científico, é muito mais abrangente e não abarca apenas o ser humano, mas sim, todo o Universo.
Duas das componentes do Universo, para esse conhecimento chinês, são Yin e Yang.
Na verdade são yinyang, uma elemento só.
Portanto, não são propriamente opostos, mas, se não estiverem em hamonia seus efeitos são desastrosos tanto na natureza como no ser humano.
Os chineses dão grande importância para esse conhecimento, os ocidentais deveriam também, se ater mais a ele.

Yinyang

Yinyang é um dos conceitos dominantes compartilhados por diferentes escolas ao longo da história da filosofia chinesa.
Assim como acontece com muitas outras noções filosóficas chinesas, as influências do yinyang são fáceis de observar, mas, seus significados conceituais são difíceis de entender.

Apesar das diferenças de interpretação, aplicação e apropriação de yinyang, existem três temas básicos subjacentes a quase todas as implementações do conceito na filosofia chinesa:

1. Yinyang como o tecido coerente da natureza e da mente, exibido em toda a existência;
2. yinyang como "Jiao" (interação) entre os níveis altos e baixos dos elementos cósmicos e humanos;
3. yinyang como um processo de harmonização para conseguir um equilíbrio constante na dinâmica de todas as coisas.

Em outras palavras podemos dizer que o yinyang entra na composição tanto das coisas que existem na natureza como na composição da mente (1); serve ou é o caminho para a interação dos humanos com o cosmos (2); e, por último, é um elemento que podemos usar para ter boa saúde física e mental se conseguirmos o equilíbrio de yinyang.

Como na filosofia de Zhuangzi (Chuang-tzu): "Yin em sua forma mais elevada é o congelamento (frio) enquanto yang em sua forma mais elevada é fervente (quente).
A frieza vem do céu, enquanto o calor vem da terra.
A interação destes dois elementos cria harmonia e dá luz as coisas.
Talvez esta seja a lei de tudo que existe, mas, ainda não existe uma formulação para isso. ".
Em nenhuma dessas concepções de yinyang existe uma hierarquia valorativa, como se yin pudesse ser abstraído do yang (ou vice-versa), ou considerado como superior ou metafisicamente separados e distintos.
Em vez disso, yinyang possui igualdade valorativa enraizada na estrutura unificada, dinâmica, e harmônica do cosmos.
Como tal, ela tem servido como um mecanismo de heurística para a formulação de uma visão coerente do mundo ao longo da história intelectual e religiosa chinesa.

Origens dos Termos Yin e Yang
Os primeiros caracteres chineses para yin e yang são encontrados em inscrições feitas nos "ossos de oráculo" que são restos de esqueletos de vários animais utilizados em práticas de adivinhação por chineses antigos desde o século XIV a.C.
Nestes inscrições, yin e yang simplesmente são descrições de fenômenos naturais, tais como condições climáticas, especialmente o movimento do sol: a luz solar durante o dia (yang) e a falta de luz solar durante a noite (yin).
De acordo com o mais antigo dicionário de caracteres chineses (cerca de 100 d.C), yin refere-se a uma porta fechada, escuridão, a margem sul de um rio ou ao lado norte de uma montanha.
Yang refere-se a altura, brilho, ao lado sul de uma montanha.
Esses significados de yin e yang se originaram da experiência de vida diária no início da formação do povo chinês.
Foi uma tentativa de interpretar a realidade empírica.
Os camponeses dependiam da luz solar nas suas rotinas de vida diária, quando o sol surgia, eles iam para o campo para o trabalho, quando o sol se punha, eles voltavam para casa para descansar.
Este padrão diário baseado no sol levou ao surgimento de um conceito: yang é o movimento (dong) e yin é estagnação (jing).
Em seus primeiros usos, yin e yang existiam de forma independente e não estavam ligados.
O primeiro registro escrito de usar as duas palavras juntos aparece em um verso do Shijing (Livro das Canções):
"Vendo a paisagem em uma colina, à procura de yinyang."
Isso indica que yang é o lado ensolarado e yin é o lado obscuro da colina.
Este efeito do sol existe ao mesmo tempo sobre uma montanha.

O estudo do Yinyang
De acordo com Sima Tan (Ssu-ma Tan, 110 a.C), existia uma escola que ensinava o yinyang no período entre 770-481 a.C que tinha o nome de "Primavera e Outono" e outra com o nome de "Reinos Combatentes" entre 403-221 a.C, períodos em que nasceu o yinyang.
Ele enumera estas escolas de yinyang ao lado de outros cinco (confucionista, moísta, legalista, fatalista e taoísta) e define estes estudos como: a investigação do "shu" (arte) do yin e yang.
[Nota: O yniyang não é necessariamente uma corrente filosófica como o confucionismo ou o taoísmo, o yinyang é um elemento das coisas da natureza, incluindo o ser humano. É um elemento empírico.]
Segundo ele, estas escolas, cada uma delas com seu foco, estavam focadas nos presságios de sorte e exploravam os padrões das quatro estações do ano.
Em outras palavras, a escola yinyang estava preocupada com métodos de adivinhação ou astronomia (disciplinas que não eram distintas uma da outra no início de China, como no resto do mundo antigo) e com o estudo do calendário, o que implicou no surgimento das quatro estações do ano, doze "du" (meses) e vinte e quatro "shijie" (unidades de tempo, horas).
Assim como os confucionistas (rujia) surgiram das fileiras dos "rushi" (cavalheiros estudiosos) que se destacaram nos rituais e na música, os da escola yinyang vieram dos fangshi (cavalheiros que ensinavam) que se especializaram em várias disciplinas numerológicos conhecidas como "shushu" (arte dos números).
Os shushu incluíam tianwen (astronomia), lipu (calendário de manutenção), wuxing (cinco fases), zhuguai (carapaças de tartaruga, adivinhação), zazha (cartomancia) e xingfa (leitpores).
Zou Yan (305-240 a.C) foi um representante da escola yinyang, possuía um profundo conhecimento da teoria da yinyang e escreveu cerca de cem mil palavras sobre ele.
No entanto, nenhum dps seus trabalhos sobreviveram.
Na dinastia Han (202 a.C-220 d.C), yinyang foi associado com o wuxing (os cinco elementos) e cosmologias correlatas.
De acordo com o capítulo "Grande Plano" da Shujing (um dos cinco Documentos Clássicos), wuxing refere-se a substâncias materiais que têm certos atributos funcionais:
a água é dito para absorver e descer;
fogo é dito para brilhar e subir;
madeira é dito curva ou estar em linha reta;
metal é dito a obedecer e mudança;
terra é dito para ter sementes e dar culturas.
A wuxing é usado como um conjunto de classificadores numerologicos que explicam a configuração de mudança em diferentes escalas.
O ensino do yinyang wuxing é - uma "adiantada tentativa chinesa no sentido de trabalhar fora da metafísica e também uma cosmologia" - é uma fusão desses dois esquemas conceituais aplicados à astronomia e as artes semânticas.
Ou seja, visa resultados práticos.

Yinyang como Qi (energia vital)
A interpretação mais duradoura do yinyang no pensamento chinês está relacionada com o conceito de qi (ch'i), a energia vital.
De acordo com esta interpretação, yin e yang são vistos como qi (em ambas as formas yin e yang) que operam no universo.
No Zuozhuan (O Livro da História), yin e yang são inicialmente considerados como dois dos seis qi celestes.
Essas seis influências celestes são: yin, yang, vento, chuva, obscuridade e brilho.
Há seis influências celestes descem e produzem os cinco sabores, saem em cinco cores, e são verificados nas cinco notas; mas quando eles estão em excesso produzem seis doenças.
Em sua separação, elas formam as quatro estações do ano; em sua ordem, elas formam os cinco termos elementares.
Quando qualquer uma delas está em excesso, elas garantem calamidade.
Um excesso de yin conduz a doenças de frio; do yang, a doenças de calor..
Aqui, yin e yang são qi do universo.
Estes fluxos de qi estão dentro da natureza, bem como dos humanos.
Eles são a estrutura básica da existência.
O céu e a terra têm suas formas regulares, e os homens seguem esse mesmo padrão, imitando os corpos brilhantes do céu de acordo com as diversidades naturais da Terra.
Céu e terra produzem as seis condições atmosféricas [qi], e fazem uso dos cinco elementos materiais.
Estas condições (e elementos) tornam-se os cinco gostos, se manifestam nas cinco cores, e são exibidos em cinco notas.
Quando eles estão em excesso se seguem a obscuridade e confusão, e as pessoas perdem a sua natureza própria.
Amor e ódio, prazer e raiva, tristeza e alegria, são produzidos pelas seis condições de atmosfera [qi].
Por isso os reis sábios imitaram cuidadosamente essas relações e analogias (em cerimônias), para regular esses seis impulsos.
Quando não há nenhuma falha na alegria e na tristeza, temos um estado de harmonia com a natureza do céu e da terra, que consequentemente, pode durar muito.
Yinyang como qi fornece uma explicação sobre o início do universo e serviu como um bloco de construção da tradição intelectual chinêsa.
Em muitos textos antigos pode-se observar como o yinyang gera uma perspectiva filosófica sobre o céu, a terra e os seres humanos. Uma filosofia objetiva e prática.
O Capítulo 42 da Laozi diz que "tudo está incorporado em yin e abraça yang. Através do chong qi se alcança a harmonia".
É através da função de yinyang como qi e da interação entre eles que tudo ganha existência.
Zhuangzi também fala sobre o qi do yin e yang: "Quando o qi do yin e yang não está em harmonia, e frio e calor vem em formas imaturas e todas as coisas serão prejudicados". por outro lado, "quando os dois têm ligação bem sucedida e alcançam a harmonia, todas as coisas serão produzidos".
A interpretação do yinyang como qi concebe o yinyang como uma forma dinâmica e natural de energia de fluxo, um complemento na potência primordial do universo.
O Huainanzi oferece explicação mais detalhada sobre o processo cosmológico do yin e yang.
Quando o céu e a terra foram formados, estavam divididos em yin e yang. Yang é gerado [sheng] de yin e yin é gerado a partir yang. Yin e yang são mutuamente alternativos e fazem os quatro campos wei (círculos celestes) serem introduzidos.
Às vezes não é a vida, às vezes não é a morte, que trazem as inúmeras coisas para a obra da natureza.
Quando estes dois qi interagem e alcançam o estágio de harmonia, a vida humana começa.
Isto mostra que tudo é feito a partir dos mesmos materiais e da diferença baseia-se na interacção.
Qi também assume várias formas e é conversível de uma forma para outra, com ordem e padrão.
O conceito de yinyang fornece uma visão unitária do céu, da terra e dos seres humanos e faz com que o mundo inteligível entre em ressonância com os seres humanos eo universo.
O Guoyu (Discursos dos Estados) descreve como as catástrofes ocorreram na confluência dos rios Jing, Wei e Lou durante a dinastia Zhou.
Boyang Fu afirma que o império Zhou estava fadado ao colapso, explicando que o qi do céu e da terra, não pode perder a sua ordem. Se essa ordem desaparece as pessoas ficam desorientadas. Yang ficou recluso e não podia sair, yin foi suprimida e não pode evaporar, então catástrofes eram inevitáveis.
As catástrofes em torno dos três rios foram devido ao yang perder seu lugar e o yin ser pressionado.
Esse relato não só mostra o poder do yinyang para iluminar os fenômenos naturais, mas também mostra que existe uma relação intrínseca entre eventos naturais e sistemas políticos.
Os seres humanos, especialmente os líderes políticos, devem alinhar moralmente suas ações com o universo.
Se eles conseguirem se harmonizar (shum) com a ordem e os padrões do universo, eles serão recompensados com a prosperidade e florescimento, mas se eles vão contra e entram em conflito (ni), eles serão punidos com catástrofes e destruição.
Se alguém se envolve em shun ou ni os resultados vão depender se yin e yang estão em um estado de equilíbrio.
Assim, yinyang fornece uma perspectiva heurística para o comportamento humano, bem como orientação ética para alcançar a harmonia.
Yinyang personifica a harmonia do céu e da terra, manifesta as inúmeras formas das coisas, contém qi para transformar as coisas e completar vários tipos de coisas, yinyang estende e penetra até o nível mais profundo, começa no vazio, em seguida, torna-se completo e se move sem limites.
Yinyang como Xingzi (Substânias concretas)
Yinyang também tem sido entendido como uma substância concreta (Xingzhi), segundo a qual yixing e yangxing definem tudo no universo.
No Yijing (I-Ching, O Livro das Mutações), yinyang é apresentado como Xingzhi.
Yang foi identificado com o Sol e yin com a Lua.
O céu e a terra se correlacionam de forma vasta e profunda;
as quatro estações se correlacionam com mudança e continuidade [biantong].
O significado do yin e yang se correlacionam com sol e a lua;
a mais alta excelência [Zhide] correlaciona de forma fácil e simples a bondade.
O Guanzi, um importante trabalho da escola Huang-Lao, discute este ponto de vista usando as mesmas linhas: "O sol está a cargo do yang, a lua está a cargo do yin, as estrelas são responsáveis pela harmonia [ele].".
Esta interpretação Xingzhi materializa o conceito de yinyang em alguns contextos concretos e mostra que o universo é ordenado, fisicamente (gênero) e moralmente.
O padrão do mundo é escrito em uma linguagem de gênero. Yinyang é algo que se pode ver, sentir e perceber através dos sentidos.
Por exemplo, no Liji (Livro dos Rituais), a música representa a harmonia do céu e da terra, enquanto li (ritual) representa a ordem do céu e da terra: "A música é proveniente de yang, o ritual é proveniente de yin.
A harmonia do yinyang recebe as inúmeras coisas.
No mundo humano, o sexo masculino é yang e deve ser cultivado, caso contrário, o sol vai sofrer, feminino é yin, deve ser cultivado também, caso contrário, a lua vai ser afetada. Equilíbrio sempre.
De acordo com Dong Zhongshu (195-115 aC), ambos, Tian (céu) e os seres humanos, têm yinyang.
Portanto, há uma ligação intrínseca entre tian e os seres humanos através do movimento do yin e yang.
Yinyang é um veículo essencial para interações entre o céu e os seres humanos: "O qi de yinyang move o céu que está acima, bem como os seres humanos.
Quando ele está entre os seres humanos ele é exibido como gostar, não gostar, feliz e louco, quando ele está no céu é visto como quente, frio, calor e gelo.
Na visão cosmológica de Dong, o todo do universo é um yinyang gigante.
Um dos muitos exemplos dessa visão é a proposta do Dong para controlar inundações e evitar secas por interação humana adequada.
No seu "Buscando a Chuva" Dong afirma que uma seca de primavera indica que há muito yang e não o suficiente de yin.
Então, deve-se "trabalhar para deixar yin e yang iguais".
Ele sugeriu que o governo deveria ter o portão sul fechado, porque ele está na direção do yang.
Homens, contendo o yang, deveriam permanecer em reclusão. Mulheres, incorporando yin, deveriam aparecer em público.
Yinyang também desempenha um papel fundamental no pensamento chinês tradicional sobre a saúde do corpo humano.
Um texto antigo sobre medicina conhecido como o Neijing Huangdi (Classico de Medicina Interna do Imperador Amarelo) fornece um relato detalhado das funções fisiológicas e alterações patológicas do corpo e dá orientação para o diagnóstico e tratamento levando em conta o yinyang.
Cinco órgãos (zang) - os rins, fígado, coração, baço e pulmões - são classificados como yin.
Eles controlam o armazenamento de substância vital e qi. Seis órgãos (fu) - a vesícula biliar, estômago, intestino grosso, intestino delgado, bexiga e os três "queimadores" (referem-se as três cavidades do corpo: a cavidade superior que abriga o coração e os pulmões, a cavidade média que abriga o baço e estômago, e a cavidade inferior que abriga o rim, bexiga e intestinos delgado e grosso) - são yang e controlam o transporte e digestão dos alimentos.
O armazenamento é uma função yin, e o transporte e transformação da substância é uma função yang.
Os órgãos zang e fu podem ser subdivididos em yin e yang.
A atividade ou função de cada órgão é seu aspecto yang, enquanto que a sua substância é o seu aspecto yin.
Yin deve fluir de forma harmoniosa e yang deve se renovar constantemente.
Eles, em condições adequadas, se auto-regulam de modo a manter o equilíbrio.
Yin e yang não existem isoladamente, estão em um estado dinâmico no qual eles interagem e moldam o complicado e intrincado sistema do corpo humano.

O Símbolo Yinyang
Não há uma maneira clara e definitiva para determinar a data exata da origem ou a pessoa que criou o símbolo yinyang.
Ninguém jamais reivindicou a propriedade específica dessa popular imagem.
No entanto, há um texto rico de história visual que nos leva para a sua criação.
Inspirados por uma visão primitiva de harmonia cósmica pensadores chineses têm procurado codificar esta ordem em várias construções intelectuais.
Para formular esse padrão subjacente através de palavras e conceitos ou números, de imagens visuais, tem ocorrido debates desde a dinastia Han.
A questão surgiu pela primeira vez na interpretação do Yijing (ou I Ching).
O Yijing é construído em torno de sessenta e quatro hexagramas (gua), cada um dos quais é feito de seis segmentos de linhas quebradas ou ininterruptas paralelas (yao).
Cada um dos sessenta e quatro hexagramas tem uma designação única, a sua imagem (Xiang) refere-se a um objeto natural particular e transmite o significado de eventos e atividades humanas.
O Yijing, assim, tem gerado uma maneira especial para decifrar o universo.
Ele incorpora principalmente três elementos: Xiang (imagens), Shu (números), e li (significados).
Eles atuam como mediadores entre os fenômenos cósmicos celestes e a vida humana terrena cotidiana.
A partir da dinastia Han através das dinastias Ming e Qing (1368-1912 d.C), havia uma tensão constante entre duas escolas de pensamento: a Escola de Xiangshu (imagens e números) e da Escola de Yili (significados e raciocínio).
A divergência entre eles é sobre qual é a melhor forma de interpretar os clássicos, especialmente o Yijing.
A questão muitas vezes é colocada como: "Será que estou interpretando os seis clássicos ou são os seis clássicos que me interpretam?".
Para a escola de Xiangshu a maneira correta de interpretar os clássicos seria produzir uma representação figurativa e numerológica do universo através de Xiang (imagens) e Shu (números).
A Escola Xiangshu os considera como sendo estruturas indispensáveis expressando os caminhos do céu, da terra e do ser humano.
A Escola de Xiangshu assume a posição de que "eu interpreto os clássicos" por meio das imagens e números.
A ênfase é sobre a valorização dos clássicos.
A escola de Yili, por outro lado, concentra-se em uma exploração dos significados dos clássicos como a base da interpretação deles próprios.
Em outras palavras, a escola de Yili trata todos os clássicos como provas para as suas próprias ideias e teorias.
A ênfase é mais em novas teorias idiossincráticas em vez da explicação dos clássicos.
No que se segue, a nossa investigação centra-se no legado da escola Xiangshu.
O esforço mais comum da escola Xiangshu era desenhar tu (diagramas).
Gerações de intelectuais trabalharam na formulação e criação de numerosos tu.
Tu frequentemente delineia a estrutura, lugar, e os números por meio de linhas pretas e brancas.
Eles não são objetos estéticos, mas sim servem como um meio de articular os padrões fundamentais que regem os fenômenos do universo.
Tu são universos em microcosmo e obedecem a normas definidas ou regras.
Durante a dinastia Song (960-1279 d.C), o monge taoísta Chen Tuan (906-989 d.C) fez uma importante contribuição a esta tradição, criando alguns tu a fim de elucidar o Yijing.
Apesar de nenhum dos seus tu terem sido diretamente transmitidos, ele é considerado o precursor da escola de Tushu (diagramas e escritos).
Diz-se que ele deixou inacabado três tu, desde a sua morte a tentativa de descobrir esses tu tornou-se uma busca erudita.
Depois de Chen Tuan três outras tendências em fazer tu surgiram, exemplificadas pelo trabalho de três pensadores neoconfucionista:
o Hetu (Diagrama de Rio) e o Luoshu (Guáfico de Luo) atribuídos a Liu Mu (1011-1064 dC);
o Xiantian tu (Diagrama Céu Precedente) creditado a Shao Yong (1011-1077 dC);
e o Taijitu (Diagrama da Grande Ultimato) atribuído a Zhou Dunyi (1017-1073 dC).
Essas três tendências eventualmente levaram à criação do primeiro símbolo yinyang por Zhao Huiqian (1351-1395 dC), intitulado Tiandi Zhiran Hetu (Diagrama Natural do Rio do Céu e da Terra)

Tiandi Zhiran Hetu

14.
Yibyang

Na mesma época que a filosofia grega se desenvolvia no Ocidente, no Oriente outra filosofia, bem diferente, também de desenvolvia, em especial a filosofia chinesa.
A filosofia chinesa possui algumas escolas, dentre elas temos: 
confucionista, moísta, legalista, fatalista e taoísta.

Entretanto, alem destas correntes filosóficas existe um outro conhecimento que não se pode classificar necessariamente como sendo filosofia, apesar de ter ao longo de séculos tomado o tempo de centenas de pensadores.
Esse conhecimento é o Yinyang.
Yin e Yang.
Escuro e claro, frio e quente, fechado e aberto.

Me interessei tardiamente por este conhecimento...
Passei a me interessar por ele na medida que fui chegando a conclusão que dentro de nós, de todo ser humano, existem duas forças divergentes, forças que não conseguimos definir ou separar, e menos ainda dominar.
Dentro de nós existe "algo" que nos faz agir de forma diferente daquela que conscientemente desejamos agir.
Isso pode acontecer das mais variadas formas e nas mais variadas situações.
Muitas vezes não queremos pensar em uma determinada coisa, pode ser algo ruim ou bom, pode ser algo que trás medo ou felicidade, por alguma razão não queremos pensar naquilo, mas, indefesos estamos, a coisa vem a nossa cabeça sem que queiramos, e por mais que a expulsamos ela volta.
Muitos dizem que são "monstros" que nos atormentam.
Tais "monstros" variam em intensidade e frequência de pessoa para pessoa... é uma questão yngyang.
Se uma pessoa estiver com seu yinyang em harmonia tais monstros desaparecem!

Freud tratou do assunto cientificamente, Freud descobriu que a nossa mente, ou nosso corpo, possui um Id, um Ego e um Superego, Ego e Superego estão em confronto constante, são forças opostas que nos impelem muitas vezes a fazer o que não queremos conscientemente fazer.

Mas, o conhecimento chinês yinyang, apesar de não ser necessariamente científico, é muito mais abrangente e não abarca apenas o ser humano, mas sim, todo o Universo.
Duas das componentes do Universo, para esse conhecimento chinês, são Yin e Yang.
Na verdade são yinyang, uma elemento só.
Portanto, não são propriamente opostos, mas, se não estiverem em hamonia seus efeitos são desastrosos tanto na natureza como no ser humano.
Os chineses dão grande importância para esse conhecimento, os ocidentais deveriam também, se ater mais a ele.

Por esta razão, vou colocar a seguir alguma coisa sobre yinyang, um conhecimento vasto que vou tentar resumir aqui no Grupo.

Yinyang

Yinyang é um dos conceitos dominantes compartilhados por diferentes escolas ao longo da história da filosofia chinesa. 
Assim como acontece com muitas outras noções filosóficas chinesas, as influências do yinyang são fáceis de observar, mas, seus significados conceituais são difíceis de entender.

Apesar das diferenças de interpretação, aplicação e apropriação de yinyang, existem três temas básicos subjacentes a quase todas as implementações do conceito na filosofia chinesa: 

1. Yinyang como o tecido coerente da natureza e da mente, exibido em toda a existência; 
2. yinyang como "Jiao" (interação) entre os níveis altos e baixos dos elementos cósmicos e humanos;
3. yinyang como um processo de harmonização para conseguir um equilíbrio constante na dinâmica de todas as coisas. 

Em outras palavras podemos dizer que o yinyang entra na composição tanto das coisas que existem na natureza como na composição da mente (1); serve ou é o caminho para a interação dos humanos com o cosmos (2); e, por último, é um elemento que podemos usar para ter boa saúde física e mental se conseguirmos o equilíbrio de yinyang.

Como na filosofia de Zhuangzi (Chuang-tzu): "Yin em sua forma mais elevada é o congelamento (frio) enquanto yang em sua forma mais elevada é fervente (quente). 
A frieza vem do céu, enquanto o calor vem da terra. 
A interação destes dois elementos cria harmonia e dá luz as coisas.
Talvez esta seja a lei de tudo que existe, mas, ainda não existe uma formulação para isso. ".

Em nenhuma dessas concepções de yinyang existe uma hierarquia valorativa, como se yin pudesse ser abstraído do yang (ou vice-versa), ou considerado como superior ou metafisicamente separados e distintos. 
Em vez disso, yinyang possui igualdade valorativa enraizada na estrutura unificada, dinâmica, e harmônica do cosmos. 
Como tal, ela tem servido como um mecanismo de heurística para a formulação de uma visão coerente do mundo ao longo da história intelectual e religiosa chinesa.

Origens dos Termos Yin e Yang

Os primeiros caracteres chineses para yin e yang são encontrados em inscrições feitas nos "ossos de oráculo" que são restos de esqueletos de vários animais utilizados em práticas de adivinhação por chineses antigos desde o século XIV a.C. 
Nestes inscrições, yin e yang simplesmente são descrições de fenômenos naturais, tais como condições climáticas, especialmente o movimento do sol: a luz solar durante o dia (yang) e a falta de luz solar durante a noite (yin). 
De acordo com o mais antigo dicionário de caracteres chineses (cerca de 100 d.C), yin refere-se a uma porta fechada, escuridão, a margem sul de um rio ou ao lado norte de uma montanha.
Yang refere-se a altura, brilho, ao lado sul de uma montanha.
Esses significados de yin e yang se originaram da experiência de vida diária no início da formação do povo chinês.
Foi uma tentativa de interpretar a realidade empírica. 
Os camponeses dependiam da luz solar nas suas rotinas de vida diária, quando o sol surgia, eles iam para o campo para o trabalho, quando o sol se punha, eles voltavam para casa para descansar. 
Este padrão diário baseado no sol levou ao surgimento de um conceito: yang é o movimento (dong) e yin é estagnação (jing). 

Em seus primeiros usos, yin e yang existiam de forma independente e não estavam ligados. 
O primeiro registro escrito de usar as duas palavras juntos aparece em um verso do Shijing (Livro das Canções): 
"Vendo a paisagem em uma colina, à procura de yinyang."
Isso indica que yang é o lado ensolarado e yin é o lado obscuro da colina. 
Este efeito do sol existe ao mesmo tempo sobre uma montanha.

O estudo do Yinyang

De acordo com Sima Tan (Ssu-ma Tan, 110 a.C), existia uma escola que ensinava o yinyang no período entre 770-481 a.C que tinha o nome de "Primavera e Outono"  e outra com o nome de "Reinos Combatentes" entre 403-221 a.C, períodos em que nasceu o yinyang. 
Ele enumera estas escolas de yinyang ao lado de outros cinco (confucionista, moísta, legalista, fatalista e taoísta) e define estes estudos como: a investigação do "shu" (arte) do yin e yang.
[Nota: O yniyang não é necessariamente uma corrente filosófica como o confucionismo ou o taoísmo, o yinyang é um elemento das coisas da natureza, incluindo o ser humano. É um elemento empírico.]

Segundo ele, estas escolas, cada uma delas com seu foco, estavam focadas nos presságios de sorte e exploravam os padrões das quatro estações do ano. 
Em outras palavras, a escola yinyang estava preocupada com métodos de adivinhação ou astronomia (disciplinas que não eram distintas uma da outra no início de China, como no resto do mundo antigo) e com o estudo do calendário, o que implicou no surgimento das quatro estações do ano, doze "du" (meses) e vinte e quatro "shijie" (unidades de tempo, horas).
Assim como os confucionistas (rujia) surgiram das fileiras dos "rushi" (cavalheiros estudiosos) que se destacaram nos rituais e na música, os da escola yinyang vieram dos fangshi (cavalheiros que ensinavam) que se especializaram em várias disciplinas numerológicos conhecidas como "shushu" (arte dos números). 
Os shushu incluíam tianwen (astronomia), lipu (calendário de manutenção), wuxing (cinco fases), zhuguai (carapaças de tartaruga, adivinhação), zazha (cartomancia) e xingfa (leitpores). 
Zou Yan (305-240 a.C) foi um representante da escola yinyang, possuía um profundo conhecimento da teoria da yinyang e escreveu cerca de cem mil palavras sobre ele. 
No entanto, nenhum dps seus trabalhos sobreviveram.

Na dinastia Han (202 a.C-220 d.C), yinyang foi associado com o wuxing (os cinco elementos) e cosmologias correlatas. 
De acordo com o capítulo "Grande Plano" da Shujing (um dos cinco Documentos Clássicos), wuxing refere-se a substâncias materiais que têm certos atributos funcionais: 

a água é dito para absorver e descer; 
fogo é dito para brilhar e subir; 
madeira é dito curva ou estar em linha reta; 
metal é dito a obedecer e mudança; 
terra é dito para ter sementes e dar culturas. 

A wuxing é usado como um conjunto de classificadores numerologicos que explicam a configuração de mudança em diferentes escalas. 

O ensino do yinyang wuxing é - uma "adiantada tentativa chinesa no sentido de trabalhar fora da metafísica e também uma cosmologia" - é uma fusão desses dois esquemas conceituais aplicados à astronomia e as artes semânticas.
Ou seja, visa resultados práticos.

Yinyang como Qi (energia vital)

A interpretação mais duradoura do yinyang no pensamento chinês está relacionada com o conceito de qi (ch'i), a energia vital. 
De acordo com esta interpretação, yin e yang são vistos como qi (em ambas as formas yin e yang) que operam no universo. 
No Zuozhuan (O Livro da História), yin e yang são inicialmente considerados como dois dos seis qi celestes.
Essas seis influências celestes são: yin, yang, vento, chuva, obscuridade e brilho. 

Há seis influências celestes descem e produzem os cinco sabores, saem em cinco cores, e são verificados nas cinco notas; mas quando eles estão em excesso produzem seis doenças. 
Em sua separação, elas formam as quatro estações do ano; em sua ordem, elas formam os cinco termos elementares. 
Quando qualquer uma delas está em excesso, elas garantem calamidade. 
Um excesso de yin conduz a doenças de frio; do yang, a doenças de calor..

Aqui, yin e yang são qi do universo. 
Estes fluxos de qi estão dentro da natureza, bem como dos humanos. 
Eles são a estrutura básica da existência.

O céu e a terra têm suas formas regulares, e os homens seguem esse mesmo padrão, imitando os corpos brilhantes do céu de acordo com as diversidades naturais da Terra. 
Céu e terra produzem as seis condições atmosféricas [qi], e fazem uso dos cinco elementos materiais. 
Estas condições (e elementos) tornam-se os cinco gostos, se manifestam nas cinco cores, e são exibidos em cinco notas. 
Quando eles estão em excesso se seguem a obscuridade e confusão, e as pessoas perdem a sua natureza própria. 
Amor e ódio, prazer e raiva, tristeza e alegria, são produzidos pelas seis condições de atmosfera [qi]. 
Por isso os reis sábios imitaram cuidadosamente essas relações e analogias (em cerimônias), para regular esses seis impulsos.
Quando não há nenhuma falha na alegria e na tristeza, temos um estado de harmonia com a natureza do céu e da terra, que consequentemente, pode durar muito.

Yinyang como qi fornece uma explicação sobre o início do universo e serviu como um bloco de construção da tradição intelectual chinêsa. 
Em muitos textos antigos pode-se observar como o yinyang gera uma perspectiva filosófica sobre o céu, a terra e os seres humanos. Uma filosofia objetiva e prática.

O Capítulo 42 da Laozi diz que "tudo está incorporado em yin e abraça yang. Através do chong qi se alcança a harmonia". 
É através da função de yinyang como qi e da interação entre eles que tudo ganha existência. 
Zhuangzi também fala sobre o qi do yin e yang: "Quando o qi do yin e yang não está em harmonia, e frio e calor vem em formas imaturas e todas as coisas serão prejudicados". por outro lado, "quando os dois têm ligação bem sucedida e alcançam a harmonia, todas as coisas serão produzidos".

A interpretação do yinyang como qi concebe o yinyang como uma forma dinâmica e natural de energia de fluxo, um complemento na potência primordial do universo. 

O Huainanzi oferece explicação mais detalhada sobre o processo cosmológico do yin e yang.
Quando o céu e a terra foram formados, estavam divididos em yin e yang. Yang é gerado [sheng] de yin e yin é gerado a partir yang. Yin e yang são mutuamente alternativos e fazem os quatro campos wei (círculos celestes) serem introduzidos. 
Às vezes não é a vida, às vezes não é a morte, que trazem as inúmeras coisas para a obra da natureza.
Quando estes dois qi interagem e alcançam o estágio de harmonia, a vida humana começa. 
Isto mostra que tudo é feito a partir dos mesmos materiais e da diferença baseia-se na interacção.
Qi também assume várias formas e é conversível de uma forma para outra, com ordem e padrão. 
O conceito de yinyang fornece uma visão unitária do céu, da terra e dos seres humanos e faz com que o mundo inteligível entre em ressonância com os seres humanos eo universo. 

O Guoyu (Discursos dos Estados) descreve como as catástrofes ocorreram na confluência dos rios Jing, Wei e Lou durante a dinastia Zhou. 
Boyang Fu afirma que o império Zhou estava fadado ao colapso, explicando que o qi do céu e da terra, não pode perder a sua ordem. Se essa ordem desaparece as pessoas ficam desorientadas. Yang ficou recluso e não podia sair, yin foi suprimida e não pode evaporar, então catástrofes eram inevitáveis.
As catástrofes em torno dos três rios foram devido ao yang perder seu lugar e o yin ser pressionado. 

Esse relato não só mostra o poder do yinyang para iluminar os fenômenos naturais, mas também mostra que existe uma relação intrínseca entre eventos naturais e sistemas políticos. 
Os seres humanos, especialmente os líderes políticos, devem alinhar moralmente suas ações com o universo. 
Se eles conseguirem se harmonizar (shum) com a ordem e os padrões do universo, eles serão recompensados com a prosperidade e florescimento, mas se eles vão contra e entram em conflito (ni), eles serão punidos com catástrofes e destruição. 
Se alguém se envolve em shun ou ni os resultados vão depender se yin e yang estão em um estado de equilíbrio. 
Assim, yinyang fornece uma perspectiva heurística para o comportamento humano, bem como orientação ética para alcançar a harmonia. 

Yinyang personifica a harmonia do céu e da terra, manifesta as inúmeras formas das coisas, contém qi para transformar as coisas e completar vários tipos de coisas, yinyang estende e penetra até o nível mais profundo, começa no vazio, em seguida, torna-se completo e se move sem limites.

Yinyang como Xingzi (Substânias concretas)

Yinyang também tem sido entendido como uma substância concreta (Xingzhi), segundo a qual yixing e yangxing definem tudo no universo. 
No Yijing (I-Ching, O Livro das Mutações), yinyang é apresentado como Xingzhi. 
Yang foi identificado com o Sol e yin com a Lua.
O céu e a terra se correlacionam de forma vasta e profunda;
as quatro estações se correlacionam com mudança e continuidade [biantong]. 
O significado do yin e yang se correlacionam com sol e a lua;
a mais alta excelência [Zhide] correlaciona de forma fácil e simples a bondade.

O Guanzi, um importante trabalho da escola Huang-Lao, discute este ponto de vista usando as mesmas linhas: "O sol está a cargo do yang, a lua está a cargo do yin, as estrelas são responsáveis pela harmonia [ele].". 
Esta interpretação Xingzhi materializa o conceito de yinyang em alguns contextos concretos e mostra que o universo é ordenado, fisicamente (gênero) e moralmente. 
O padrão do mundo é escrito em uma linguagem de gênero. Yinyang é algo que se pode ver, sentir e perceber através dos sentidos. 
Por exemplo, no Liji (Livro dos Rituais), a música representa a harmonia do céu e da terra, enquanto li (ritual) representa a ordem do céu e da terra: "A música é proveniente de yang, o ritual é proveniente de yin. 
A harmonia do yinyang recebe as inúmeras coisas. 
No mundo humano, o sexo masculino é yang e deve ser cultivado, caso contrário, o sol vai sofrer, feminino é yin, deve ser cultivado também, caso contrário, a lua vai ser afetada. Equilíbrio sempre.

De acordo com Dong Zhongshu (195-115 aC), ambos, Tian (céu) e os seres humanos, têm yinyang. 
Portanto, há uma ligação intrínseca entre tian e os seres humanos através do movimento do yin e yang. 

Yinyang é um veículo essencial para interações entre o céu e os seres humanos: "O qi de yinyang move o céu que está acima, bem como os seres humanos. 

Quando ele está entre os seres humanos ele é exibido como gostar, não gostar, feliz e louco, quando ele está no céu é visto como quente, frio, calor e gelo. 
Na visão cosmológica de Dong, o todo do universo é um yinyang gigante. 

Um dos muitos exemplos dessa visão é a proposta do Dong para controlar inundações e evitar secas por interação humana adequada. 
No seu "Buscando a Chuva" Dong afirma que uma seca de primavera indica que há muito yang e não o suficiente de yin.
Então, deve-se "trabalhar para deixar yin e yang iguais".
Ele sugeriu que o governo deveria ter o portão sul fechado, porque ele está na direção do yang. 
Homens, contendo o yang, deveriam permanecer em reclusão. Mulheres, incorporando yin, deveriam aparecer em público. 

Yinyang também desempenha um papel fundamental no pensamento chinês tradicional sobre a saúde do corpo humano. 
Um texto antigo sobre medicina conhecido como o Neijing Huangdi (Classico de Medicina Interna do Imperador Amarelo) fornece um relato detalhado das funções fisiológicas e alterações patológicas do corpo e dá orientação para o diagnóstico e tratamento levando em conta o yinyang.
 
Cinco órgãos (zang) - os rins, fígado, coração, baço e pulmões - são classificados como yin. 
Eles controlam o armazenamento de substância vital e qi. Seis órgãos (fu) - a vesícula biliar, estômago, intestino grosso, intestino delgado, bexiga e os três "queimadores" (referem-se as três cavidades do corpo: a cavidade superior que abriga o coração e os pulmões, a cavidade média que abriga o baço e estômago, e a cavidade inferior que abriga o rim, bexiga e intestinos delgado e grosso) - são yang e controlam o transporte e digestão dos alimentos. 

O armazenamento é uma função yin, e o transporte e transformação da substância é uma função yang. 
Os órgãos zang e fu podem ser subdivididos em yin e yang. 
A atividade ou função de cada órgão é seu aspecto yang, enquanto que a sua substância é o seu aspecto yin. 
Yin deve fluir de forma harmoniosa e yang deve se renovar constantemente. 
Eles, em condições adequadas, se auto-regulam de modo a manter o equilíbrio. 
Yin e yang não existem isoladamente, estão em um estado dinâmico no qual eles interagem e moldam o complicado e intrincado sistema do corpo humano.

O Símbolo Yinyang

Não há uma maneira clara e definitiva para determinar a data exata da origem ou a pessoa que criou o símbolo yinyang. 
Ninguém jamais reivindicou a propriedade específica dessa popular imagem. 
No entanto, há um texto rico de história visual que nos leva para a sua criação. 
Inspirados por uma visão primitiva de harmonia cósmica pensadores chineses têm procurado codificar esta ordem em várias construções intelectuais. 
Para formular esse padrão subjacente através de palavras e conceitos ou números, de imagens visuais, tem ocorrido debates desde a dinastia Han. 

A questão surgiu pela primeira vez na interpretação do Yijing (ou I Ching). 
O Yijing é construído em torno de sessenta e quatro hexagramas (gua), cada um dos quais é feito de seis segmentos de linhas quebradas ou ininterruptas paralelas (yao). 
Cada um dos sessenta e quatro hexagramas tem uma designação única, a sua imagem (Xiang) refere-se a um objeto natural particular e transmite o significado de eventos e atividades humanas. 
O Yijing, assim, tem gerado uma maneira especial para decifrar o universo. 
Ele incorpora principalmente três elementos: Xiang (imagens), Shu (números), e li (significados). 
Eles atuam como mediadores entre os fenômenos cósmicos celestes e a vida humana terrena cotidiana. 

A partir da dinastia Han através das dinastias Ming e Qing (1368-1912 d.C), havia uma tensão constante entre duas escolas de pensamento: a Escola de Xiangshu (imagens e números) e da Escola de Yili (significados e raciocínio). 
A divergência entre eles é sobre qual é a melhor forma de interpretar os clássicos, especialmente o Yijing. 
A questão muitas vezes é colocada como: "Será que estou interpretando os seis clássicos ou são os seis clássicos que me interpretam?".

Para a escola de Xiangshu a maneira correta de interpretar os clássicos seria produzir uma representação figurativa e numerológica do universo através de Xiang (imagens) e Shu (números). 
A Escola Xiangshu os considera como sendo estruturas indispensáveis expressando os caminhos do céu, da terra e do ser humano. 
A Escola de Xiangshu assume a posição de que "eu interpreto os clássicos" por meio das imagens e números. 
A ênfase é sobre a valorização dos clássicos. 

A escola de Yili, por outro lado, concentra-se em uma exploração dos significados dos clássicos como a base da interpretação deles próprios. 
Em outras palavras, a escola de Yili trata todos os clássicos como provas para as suas próprias ideias e teorias. 
A ênfase é mais em novas teorias idiossincráticas em vez da explicação dos clássicos. 
No que se segue, a nossa investigação centra-se no legado da escola Xiangshu.

O esforço mais comum da escola Xiangshu era desenhar tu (diagramas). 
Gerações de intelectuais trabalharam na formulação e criação de numerosos tu. 
Tu frequentemente delineia a estrutura, lugar, e os números por meio de linhas pretas e brancas. 
Eles não são objetos estéticos, mas sim servem como um meio de articular os padrões fundamentais que regem os fenômenos do universo. 
Tu são universos em microcosmo e obedecem a normas definidas ou regras. 
Durante a dinastia Song (960-1279 d.C), o monge taoísta Chen Tuan (906-989 d.C) fez uma importante contribuição a esta tradição, criando alguns tu a fim de elucidar o Yijing. 
Apesar de nenhum dos seus tu terem sido diretamente transmitidos, ele é considerado o precursor da escola de Tushu (diagramas e escritos). 
Diz-se que ele deixou inacabado três tu, desde a sua morte a tentativa de descobrir esses tu tornou-se uma busca erudita. 

Depois de Chen Tuan três outras tendências em fazer tu surgiram, exemplificadas pelo trabalho de três pensadores neoconfucionista: 
o Hetu (Diagrama de Rio) e o Luoshu (Guáfico de Luo) atribuídos a Liu Mu (1011-1064 dC);
o Xiantian tu (Diagrama Céu Precedente) creditado a Shao Yong (1011-1077 dC);
e o Taijitu (Diagrama da Grande Ultimato) atribuído a Zhou Dunyi (1017-1073 dC). 

Essas três tendências eventualmente levaram à criação do primeiro símbolo yinyang por Zhao Huiqian (1351-1395 dC), intitulado Tiandi Zhiran Hetu (Diagrama Natural do Rio do Céu e da Terra)

O VELHO - Nelson Rodrigues

O VELHO
por Nelson Rodrigues


Em recente confissão, contei a minha visita à casa de uma grã-fina que, de três em três meses, é capa de Manchete. E, de fato, sempre que Justino Martins está em apertos, vai ao arquivo e apanha a cara da minha belíssima anfitriã. O leitor nem desconfia que já viu a mesmíssima capa umas quinze vezes.
Não há nada mais parecido com uma grã-fina do que outra grã-fina. Por dentro e por fora, todas se parecem. Quem viu uma, viu as outras.
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Entro no palácio e nada descreve a minha perplexidade. Conheço, de longa data, a dona da casa. Mas como identificá-la, se lá todas se pareciam entre si como soldadinhos de chumbo? Cumprimentei umas oito, na ilusão de que era a própria. Até que uma delas, ligeiramente mais lânguida, ligeiramente mais afetada que as demais, suspirou: - “Até que enfim veio à minha casa!”. Fez-se luz em meu espírito. Era aquela.
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Bem. Estou-me perdendo no secundário em prejuízo do essencial. O que eu queria dizer é que lá passei umas cinco horas. E, até o fim da noite, só se ouviu um nome e só se falou de uma figura: Marx.
Tudo era marxista. O mordomo de casaca devia ser outro marxista. Idem, os garçons dos salgadinhos, uísque e champanhe. E Marx não era apenas Marx. Não. De um momento para outro, passou a ser “o velho”. Damas e cavalheiros diziam “o velho” com uma salivação intensa.
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Foi quando, a folhas tantas, alguém lembrou que “o velho” era dado a furúnculos. Houve um frêmito de volúpia geral e inconfessável. Parece meio difícil emprestar qualquer transcendência a uma furunculose. Pois bem. Havia, ali, um tal clima marxista que os furúnculos do “velho” pareciam mais resplandecentes do que as chagas de Cristo. Os decotes palpitaram. Os cílios postiços tremeram. Havia como que uma voluptuosidade difusa, valorizada, atmosférica. E, de repente, Marx deixava de ser o profeta, o gênio, o santo. Parecia mais um fauno de tapete, torpe e senil. Ao passo que as damas presentes seriam ninfas também de tapete.
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Por aí se vê que uma simples furunculose pode deflagrar um misterioso surto erótico. Saí de lá às quatro da manhã e sem me despedir. Não foi incivilidade, absolutamente. É que eu reincidia na mesma confusão visual. Como reconhecer a anfitriã, se todas as presentes eram iguaizinhas umas às outras? Vim para casa e pensava em tudo o que vira e ouvira no sarau grã-fino.
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Eis o que eu pensava: “Como a nossa alta burguesia é marxista!”. E não só a alta burguesia. Por toda parte, só esbarramos, só tropeçamos em marxistas. Um turista que por aqui passasse havia de anotar em seu caderninho: - “O Brasil tem 80 milhões de marxistas”. Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural, etc. etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar, publicamente: - “Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista. E mais: - considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata”.
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Mas contei o episódio da furunculose para concluir: - como nós conhecemos Marx! E o conhecemos na sua intimidade doméstica, prosaica e profunda. Somos autoridades em seus furúnculos. Do mesmo modo, estamos informadíssimos sobre as suas tosses, bronquites, asmas, aerofagias etc. etc. Resta apenas uma pergunta: - e teremos a mesma intimidades com os seus escritos? Aqui se insinua a minha primeira dúvida.
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Senão, vejamos. Há três ou quatro dias, fui eu a um sarau político. Lá, como no grã-finismo, o marxismo reinava. Cheguei disposto às provocações mais sórdidas. Meus bolsos estavam entupidos de notas. Reuni a fina flor da “festiva” e comecei: “venham ouvir umas piadas bacanérrimas. Ouçam, ouçam!”. E, de repente, tornei-me extrovertido, plástico, histriônico, como um camelô da rua Santa Luzia. Promovia idéias como quem vende laranjas, canetas-tinteiro, pentes, isqueiros, calicidas.
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Logo juntou gente. E comecei a ler frases de recente leitura: - “O imperialismo é a tarefa dos povos dominantes – Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos”. Estes últimos “eram o país mais progressista do mundo”. “Contra o imperialismo russo, a salvação é o imperialismo britânico.” Outra: - “O defeito dos ingleses é que não são bastante imperialistas”. Quanto à história, “avança de leste para oeste”. O colonialismo é progressista porque os povos domináveis e colonizáveis só têm para dar “a estupidez primitiva”. O budismo é “o culto bestial da natureza”.
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E que dizer da China? É uma “civilização que apodrece”. Por outro lado, a vitória dos Estados Unidos sobre o México, em 1848, foi uma felicidade para o próprio México. Dizia o autor, que eu citava: - “Presenciamos a conquista do México e regozijamo-nos, porque este país, fechado em si mesmo, dilacerado por guerras civis e negando-se a toda evolução, seja precipitado violentamente no movimento histórico. No seu próprio interesse, terá de suportar a tutela que, desde esse momento, os Estados Unidos exercerão sobre ele”.
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Por outro lado, é maravilhosa a sujeição da Índia à Inglaterra. “A Alemanha é um povo superior e os latinos e os eslavos, mera gentalha.” Ainda sobre os eslavos: - “Povos piolhentos, estes dos Bálcãs, povos de bandidos”. Os búlgaros, em especial, são “um povo de suínos” que “melhor estariam sob o domínio turco”. Em suma: todos esses povos eslavos são “povos anões”, “escórias de uma civilização milenar”. Mais ainda: - “A expansão russa para o Ocidente é a expansão da barbárie” etc. etc.
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Durante duas horas li para a “festiva”. Por fim, embolsei as notas e, arquejante, falei: - “Vocês ouviram. O autor ou autores citados já morreram. Quero saber se teriam coragem de cuspir na cova de quem escreveu tudo isso?”. E outra pergunta: - “Quem pensa assim, e escreve assim, é um canalha? Respondam”. Em fulminante resposta, todos disseram: - “É um canalha!”. Ainda os adverti: - “Calma, calma. São dois os autores! Vocês têm certeza de que são dois canalhas? E canalhas abjetos?”. Não houve uma única e escassa dúvida. Os marxistas ali presentes juraram que os autores eram “canalhas” e abjetos. E, então, só então, alcei a fronte e anunciei: - “Agora ouçam os nomes dos canalhas”. Pausa e disse: - “Marx e Engels”. Fez-se na sala um silêncio ensurdecedor. Repeti: “Marx e Engels, os dois pulhas, segundo vocês”.
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Tudo aquilo estava em 'Marx et la politique internationale', por Kostas Papaloanou etc. etc. Os dois, Marx e Engels, eram paladinos fanáticos do imperialismo, do colonialismo, admiradores dos ianques, russófobos. Disseram mais: - “A revolução proletária acarretará um implacável terrorismo até o extermínio desses povos eslavos”.
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Os marxistas que me ouviam eram poetas, romancistas, sociólogos, ensaístas. Intelectuais da mais alta qualidade. E entendiam tanto de Marx quanto de um texto chinês de cabeças para baixo. Eis a verdade: somos analfabetos em Marx, dolorosamente analfabetos em Marx.
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Crônica publicada em O Globo em 3.05.1968
 

Nelson Falcão Rodrigues (Recife, 23 de agosto de 1912 — Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 1980) foi um jornalista e escritor brasileiro, é considerado como o mais influente dramaturgo brasileiro.


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Tudo que Nelson Rodrigues disse sobre os escritos de Marx e Engels é verdadeiro.
Tais textos não estão em seus livros, salvo algumas poucas passagens, tais textos estão na Gazeta Renana, um folheto editado por Karl Marx, e uma profusão de tais textos que mostram o que verdadeiramente pensava Karl Marx estão nas trocas de cartas entre ele e Engels e entre ele e correligionários comunistas.
Todos estes textos podiam ser encontrados no "marxist.org", mas, desapareceram de lá, parte deles agora estão no "marxists.anu.edu.au" e em outros arquivos marxistas.

Obs. Devemos buscar edições em inglês, ou originais em alemão, pois textos traduzidos para o português estão corrompidos por traduções "politicamente corretas" que modificaram o texto marxista para torna-lo mais palatável.


Abaixo colocamos trechos do texto "In The Magyar Struggle" (1849) de Marx e Engels na Gazeta Renana, onde os dois mostram seu enorme racismo contra os eslavos.

Fonte em inglês:
https://marxists.anu.edu.au/arc.../marx/works/1849/01/13.htm

"There is no country in Europe which does not have in some corner or other one or several fragments of peoples, the remnants of a former population that was suppressed and held in bondage by the nation which later became the main vehicle for historical development.
These relics of nations, mercilessly trampled down by the passage of history, as Hegel expressed it, this ethnic trash always became fanatical standard bearers of counterrevolution and remain so until their complete extirpation or loss of their national character, just as their whole existence in general is itself a protest against a great historical revolution.
Such in Scotland are the Gaels …
Such in France are the Bretons…
Such in Spain are the Basques. "

........
 
“Everywhere the forward-looking class, the carrier of progress, the bourgeoisie, was German or Magyar.
The Slavs found it difficult to develop a bourgeoisie, the South Slavs were only very partially able to do so.
Along with the bourgeoisie, industrial strength, capital, was in German or Magyar hands.
As German education developed, the Slavs also came under the intellectual tutelage of the Germans, even deep in Croatia.
The same thing took place, only later and therefore on a smaller scale in Hungary, where the Magyars together with the Germans assumed intellectual and commercial leadership....”

....
 
"Then for a moment the Slavic counterrevolution with all its barbarism will engulf the Austrian monarchy and the camarilla will find out what kind of allies it has.
But with the first victorious uprising of the French proletariat...the Germans and Magyars in Austria will become free and will take bloody revenge on the Slavic barbarians.
The general war which will then break out will explode this Slavic league and these petty, bull-headed nations will be destroyed so that nothing is left of them but their names. "

“The next world war will cause not only reactionary classes and dynasties but also entire reactionary peoples to disappear from the Earth.
And that too would be progress.”



 

A "elite inteligente"


Karl Marx foi um filósofo por formação acadêmica e um revolucionário comunista por opção pessoal.
Karl Marx escreveu na "Seção II" do "Manifesto do Partido Comunista" de 1848 o seguinte:

"Seção II - Proletários e comunistas

Em que relação se encontram os comunistas com os proletários em geral?
Os comunistas não são nenhum partido particular face aos outros partidos operários.
Não têm nenhum interesses separados dos interesses do proletariado todo.
Não estabelecem nenhum princípios particulares segundo os quais queiram moldar o movimento proletário.
Os comunistas diferenciam-se dos demais partidos proletários apenas pelo fato de que, por um lado, nas diversas lutas nacionais dos proletários eles [os comunistas] acentuam e fazem valer os interesses comuns, independentes da nacionalidade, do proletariado todo, e pelo fato de que, por outro lado, nos diversos estágios de desenvolvimento por que a luta entre o proletariado e a burguesia passa, representam sempre o interesse do movimento total.
Os comunistas são, pois, na prática, o setor mais decidido, sempre impulsionador, dos partidos operários de todos os países; na teoria, eles têm, sobre a restante massa do proletariado, a vantagem da inteligência das condições do curso e dos resultados gerais do movimento proletário."



A partir destas declarações de Marx podemos ver claramente que "proletários" e "comunistas" não são a mesma coisa!
Essa diferença já está estampada no título da seção.

Os proletários são trabalhadores que não tem "a vantagem da inteligência" na condução do processo revolucionário, quem tem essa inteligência são os comunistas!

E quem são os comunistas a que Marx se refere?


 Karl Marx e os comunistas reunidos

O Manifesto Comunista foi redigido por Marx e Engels a pedido dos membros do Partido Comunista e da "Liga dos Comunistas", da qual Marx e Engels eram diretores.
A Liga dos Comunistas era uma entidade composta em sua maioria por intelectuais burgueses, como Marx e Engels, e que se transformaram em comunistas, era a eles que Marx se referia quando dizia "comunistas" - aos intelectuais comunistas.

Os proletários eram "nacionais" e os comunistas eram "internacionais", ou seja, os intelectuais comunistas eram uma "elite inteligente" internacional que iria sempre "impulsionar" o processo revolucionário no mundo uma vez que a "massa" de proletários não tinha tal inteligência, servia apenas para trabalhar.
Os proletários seriam como gado sendo conduzidos pela "elite inteligente" - os intelectuais comunistas.

Os comunistas "internacionais" na Internacional Socialista.

E assim foi nas nações que no século XX adotaram o marxismo, os comunistas, a "elite inteligente", governando e os proletários sendo conduzidos por eles.







Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia.

Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia.
Willian Shakespeare


Hamlet, Ato 1, cena 5, 159–173.

Hamlet: Consenti em jurar.
Nunca falar daquilo que hoje vistes,
Jurai sobre esta espada.

Fantasma: [Gritando sob o palco] Sim, jurai!
Hamlet: Dizes bem, oh toupeira!
Tão depressa caminhas sob a terra?
És sapador?
Mais uma vez mudemos de lugar.

Horácio: Dia e noite! Isso é muito estranho!
Hamlet: Pois como estranho demos-lhe acolhida!
Existem mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia.



Horácio, é um modelo de racionalidade, ainda está tendo dificuldades em engolir todo o negócio.
Fantasmas não são o tipo de seres que a sua "filosofia" leva em conta facilmente.

Sabemos que Horácio é, como Hamlet, um estudante da Universidade de Wittenberg, um posto avançado notável do humanismo protestante.

A filosofia que se estuda lá é clássica, é um composto de ética, lógica e ciência natural.
A ênfase em fenômenos cotidianos praticamente exclui a especulação sobre fantasmas falantes.
Wittenberg, no entanto, não é apenas um lugar onde Horácios sóbrios debatem filosofia aristotélica.

Na peça de Christopher Marlowe (que possivelmente influenciou Shakespeare) do final dos anos 1580, "The Tragicall History of Doctor Faustus", Wittenberg é onde existem palestras médicas que, sobre uma linha lateral, confraternizam-se com demônios.


A causa do preconceito segundo Sartre.

Sartre tinha parte de seu sangue dos judeus, por parte de mãe, e talvez por isso tenha se interessado em falar sobre a questão judaica.

A guerra e o holocausto com certeza também deram a ele a motivação para falar do assunto.
A filosofia de Sartre era existencialista, mas, no caso da sua opinião sobre a questão judaica, na minha opinião, esta mais para uma "crítica social" do que para existencialismo.
Em todo caso, as palavras de Sartre são importantes e no meu entender ele vai no cerne da questão e identifica corretamente o que move o "anti" semita no caso.

Vou colocar a seguir trechos escritos por Sartre, nada melhor do que a própria palavra do autor para explicar o que ele pensa.
Ao fim dos textos vou expressar rapidamente a minha opinião.


***


“Fica evidente que nenhum fator externo pode levar o anti-semita ao anti-semitismo.
O anti-semitismo é uma escolha livre e total de si mesmo, é uma atitude global que alguém adota não aomente para com os judeus, mas para com todos os seres humanos, com a história e a sociedade, é tanto uma paixão quanto uma visão de mundo..."

“O homem racional procura angustiosamente a verdade, sabe que seus raciocínios são apenas prováveis, de que outras considerações vão colocá-los em dúvida; nunca sabe bem para onde está indo; é “aberto”, pode até ser tomado por hesitante.
Mas existem pessoas que são atraídas pela constância das pedras.
Querem ser maciças e impenetráveis, não querem mudar – pois aonde a mudança as levaria?
Trata-se de um medo primordial de si mesmos e um medo da verdade.
E o que as assusta não é o teor da verdade, do qual nem desconfiam, mas sim a forma do verdadeiro, esse objeto de contornos indefinidos.
É como se a própria existência dessas pessoas estivesse permanentemente em suspenso.
Mas, elas querem opiniões adquiridas, querem opiniões inatas, como têm medo de raciocinar, querem um modo de vida no qual o raciocínio e a indagação tenham papel apenas subalterno, no qual só se busque o que já se descobriu, no qual o que já é nunca se transforme.
Para isso, resta apenas a paixão.
Apenas um forte preconceito pode produzir uma certeza fulgurante, apenas ele pode subjulgar o raciocínio, apenas ele pode permanecer impermeável à experiência e durar toda uma vida.
O anti-semita escolheu o ódio porque o ódio é uma fé; antes de mais nada, preferiu desvalorizar as palavras e as razões.
Agora se sente à vontade, e as discussões sobre direitos dos judeus lhe parecem fúteis e levianas – pois logo de início ele já se colocou em outro terreno.
Se, por cortesia, consente em defender por um instante o seu ponto de vista, ele se presta a fazê-lo, mas na realidade não o faz e simplismente tenta projetar no plano do discurso a sua certeza intuitiva.”

“O anti-semitismo não existe apenas pelo prazer de odiar, acarreta também prazeres positivos: tratando o judeu como ser inferior e pernicioso, está também afirmando que pertençe a uma elite.
E esta elite é muito diferentemente das elites modernas que se baseiam no mérito e no trabalho, assemelha-se em tudo a uma aristocracia de sangue.
Não preciso fazer nada para merecer minha superioridade, e não há como perdê-la.
É dada para sempre – é uma coisa.”

“As associações anti-semitas não querem criar nada, recusam-se a assumir responsabilidades, tem horror a se apresentar como um segmento da opinião pública francesa, pois nesse caso precisariam estabelecer um programa e buscar meios de ação legal.
Preferem se apresentar como a expressão absolutamente pura e absolutamente passiva do sentimento do país real em sua indivisibilidade”
“Agora estamos em condições de entender o anti-semita.
É um homem que tem medo.
Certamente não dos judeus; mas de si próprio, de sua consciência, de sua liberdade, de seus instintos, de suas responsabilidades, da solidão, da mudança, da sociedade e do mundo – de tudo exceto dos judeus.
É um covarde que não quer confessar sua covardia, um assassino que reprime suas tendências homicidas sem conseguir refreá-las e que, no entanto, só se atreve a matar em efígie ou no anonimato da turba, um descontente que não ousa revoltar-se por medo das conseqüências da revolta.
Aderindo ao anti-semitismo, não adota apenas uma opinião, mas escolhe também a pessoa que quer ser.
Escolhe a constância e a impermeabilidade da pedra, a irresponsabilidade total do guerreiro que obedece a seus chefes – e ele não tem chefe.
Escolhe não adquirir nada, não merecer nada, que tudo lhe seja dado de nascença – e ele não é nobre.
Finalmente, escolhe que o Bem já esteja pronto, fora de questão, ao abrigo de qualquer perigo; não se atreve a encará-lo por medo de ser levado a contestá-lo e a procurar outro.
Nisso, o judeu não é mais do que um pretexto: em outro lugar, o negro, o amarelo servirão.
A existência do judeu simplesmente permite ao anti-semita sufocar suas angústias no nascedouro, persuadindo-se de que seu lugar no mundo já estava determinado e o esperava e de que, pela tradição, ele tem o direito de ocupá-lo.
O anti-semitismo é, em resumo, o medo em face da condição humana.
O anti-semita é o homem que quer ser rocha implacável, torrente furiosa, raio destruidor – tudo menos homem.”

“O (judeu é) homem social por excelência, já que seu tormento é social.
O que fez dele judeu foi a sociedade, e não a vontade divina, foi ela que deu origem ao problema judaico, e, como o judeu se vê obrigado a definir-se totalmente nas perspectivas desse problema, é no social que ele define sua própria existência.
Seu projeto constitutivo de integrar-se na comunidade nacional é social, social é o esforço que faz para pensar-se a si mesmo, ou seja, para situar-se entre outros homens, sociais são suas alegrias e seus pesares – porque é social a maldição que pesa sobre ele.
Por isso, se lhe reprovam sua inautenticidade metafísica e lhe dizem que sua eterna inquietude faz-se acompanhar de um positivismo radical, também é necessário lembrar que tais críticas voltam-se contra quem as formula, o judeu é social porque o anti-semita o fez assim.”

“Entendemos com isso que todas as pessoas que colaboram através de seu trabalho para a grandeza de um país têm pleno direito à cidadania.
O que lhes dá esse direito não é a posse de uma ‘natureza humana’ problemática e abstrata, mas a participação ativa na vida social.
Isso significa, portanto, que os judeus, assim como os árabes ou os negros, têm direito de intervir na empreitada nacional porque também são responsáveis por ela.”



***

 Vou salientar um aspecto do pensamento de Sartre que acho importante:

"O anti-semitismo é uma escolha livre e total de si mesmo, é uma atitude global que alguém adota não somente para com os judeus, mas para com todos os seres humanos,"
"Nisso, o judeu não é mais do que um pretexto: em outro lugar, o negro, o amarelo servirão. "


Sartre identificou a causa muito bem!

O "anti" odeia todos que tem valor, não importa a cor da pele ou a raça, o "anti" é contra os talentosos, contra os competentes, é contra o empreendedor que constrói e cria riquezas, é contra os que tem sucesso.

E, no caso dos judeus, eles são competentes, em geral tem sucesso na economia e nas ciências, ganham muitos prêmios Nobel, e em geral ficam bem de vida devido a essa competência, o que desperta o ódio dos invejosos.

O "anti" é a característica do incompetente - o que move o "anti" é a inveja.
O "anti", como diz Sartre, é covarde e só atua em grupos, não tem coragem de enfrentar sozinho a quem odeia.

Para poder ter a possibilidade dessa ação grupal os invejosos fundam ideologias que vão dar abrigo ao seu ódio contra os empreendedores de sucesso.

O "anti" tem como causa a inveja que nutre dos talentosos e do sucesso que eles angariam, sucesso que os invejosos jamais terão.


Os jovens do terceiro milênio e a ruptura da moral ocidental.

A sociedade ocidental vem caminhando a dois mil anos a passos de tartaruga no tocante a moral.

Até a metade do século XX nada havia mudado, continuavam ainda as mesmas barreiras, porém, na década de 60 do século passado surgiu algo novo, os jovens colocaram as camisas para fora das caças, deixaram o cabelo crescer, as meninas passaram a usar minissaias e começaram a dançar uma música diferente, o rock and rool, surgiram Elvis Presley, The Beatles, a Jovem Guarda e tudo mudou!

E o tempo passou, 60, 70, 80, o jeito dos jovens mudou, mas, a moral não, ainda continuavam as barreiras.

Estou me referindo a "moral" com respeito aos relacionamentos sexuais.

E assim chegamos ao terceiro milênio.... e nele os adolescentes, já netos da juventude de 60, operaram uma mudança maravilhosa!
Com naturalidade, liberdade e alegria a juventude do terceiro milênio inventou o "ficar".
Uma "relação sexual' que permitiu troca de carícias "da cintura para cima" e que para os jovens foi de plena satisfação!
Essa foi uma ruptura com a moral vigente porque o beijo que antes era proibido em público passou a ser normal entre adolescentes, afinal, que mal existe dois jovens de 16 anos se beijarem sem mais nada rolar?
Foi impossível a sociedade se por contra, mesmo porque a prática pegou todos de surpresa e foi executada de forma ampla.
E esse comportamento se consolidou na sociedade.

Mas, ainda faltava alguma coisa para os jovens do terceiro milênio romperem todas as barreiras, derrubarem os muros erguidos a séculos!

E esse algo veio com duas invenções que se completam - o smartphone e o Facebook.
Essa ideia me veio na cabeça porque vi um desenho em um perfil do Facebook onde uma menina está deitada (triste) na cama abraçada ao seu travesseiro, mas, ao lado dela, na cama, está o seu celular (no desenho), uma peça importante a ela e que forçosamente teve que estar na imagem, e, também, ao lado da cama, um notebook aberto com uma imagem do Facebook.
Então, hoje, os jovens do terceiro milênio, não vivem mais sem o seu celular, que adoram, e sem o Facebook, pois com eles se expressam e se mostram ao mundo, e se comunicam, intensamente, entre si.
Se mostram como nunca antes os jovens se mostraram, das mais variadas formas, e, mais importante, se expressam muito bem apesar das deficiências do ensino.
E, na questão moral, não existem mais barreiras, os jovens atuais falam de amor e de relação sexual com naturalidade, beleza, e inteligência, e o celular e o Facebook são os meios para isso.

Tenho essa mudança no comportamento humano como fundamental para o futuro da humanidade.

E o mais importante, essa mudança não dependeu de nenhuma ideologia, essa mudança veio de baixo para cima, surgiu, com naturalidade no meio do povo.

Tamanha é a naturalidade desse novo comportamento social que os sociólogos nem mesmo o notaram!


O que foi escrito por mim nesta publicação pode ser corroborado, de uma forma bem mais científica, pelo psiquiatra Dr. Flávio Gikovate, na minha opinião a principal mente filosófica da atualidade, não só no Brasil como no mundo, no link, com vídeo da palestra que vou colocar a seguir.