terça-feira, 16 de setembro de 2014

Henri Bergson (1859-1941) O filósofo da Intuição



Henri Bergson (1859-1941)


O filósofo da Intuição

A filosofia de Bergson se constrói sobre quatro ideias fundamentais: a intuição, a duração (durée), a memória e o impulso (élan) vital

A duração é o tempo específico de tudo aquilo que existe. Incapaz de apreensão pelo raciocínio analítico, a duração só pode ser captada pela intuição.

A solução que ele encontra para unir matéria e espírito se baseia, na ordem material, sob os conceitos de imagem e percepção. E na ordem espiritual, lembrança e memória.
 
A memória vai ser o elo entre o material e o espiritual.
A grande originalidade de Bergson está em mostrar que, efetivamente, existem vastas regiões da realidade, onde o conhecimento científico não penetra, nem pode penetrar; regiões acessíveis unicamente à metafísica

O real, segundo Bergson, pode ser estudado tanto pela filosofia como pela ciência.
Cabe, porém, à filosofia o domínio da realidade espiritual, ao passo que à ciência o que é material.
Assinalamos à metafísica um objeto limitado, o espírito, e um método especial, a intuição

Assim distinguimos nitidamente a metafísica da ciência.
A metafísica possui um objeto próprio.
Cabe a ela investigar, primeiramente, a realidade espiritual, "quem diz espírito diz antes de tudo, consciência, e quem diz consciência diz ação que incessantemente se cria e se enriquece". 

Acontece, porém, que o homem não é o único que vive no universo.
Com ele e antes dele, vive uma infinita variedade de seres, animais, vegetais, grandes, pequenos e até microscópicos.
Uma corrente imensa atravessa o mundo em todas as direções: corrente que culmina no homem.
Assim a metafísica deve estender seu campo de ação à vida em geral, porquanto essa corrente vital escapa da ciência. 

Os métodos da ciência utilizados até agora, não conseguiram descobrir além daquilo que a vida tem de material e que nela existe de exprimível em termos de extensão: formas, funções, caracteres visíveis, organização exterior. 

A ciência, não chega, nem pode chegar à causa profunda do organismo que é o elã vital, a própria vida.

São da inteligência científica, a matéria, o sólido, a extensão e da filosofia, a vida, o espírito.

Para a ciência, o externo.
Para a filosofia, o interno. 

Ciência e filosofia distinguem-se, pois, pelos objetos que investigam. 

A filosofia se lança diretamente sobre a coisa mesma, penetrando-a na sua intimidade por meio da intuição.

Com a inteligência temos a tendência incoercível de nossa atividade intelectual a transformar tudo que considera em elementos sólidos, descontínuos e imóveis, a solidificar tudo que encontra no seu caminho; ao mesmo tempo que revela sua incapacidade radical de pensar a mudança, a mobilidade, a vida, o devir em geral. 

Essa incapacidade de pensar o devir foi magistralmente exprimida por Bergson, quando compara o mecanismo de nosso pensamento com a cinematografia

O conhecimento intuitivo possui caracteres radicalmente diferentes daqueles que tem a inteligência.
No instinto, o conhecimento se explicita em ação e só em ação;

Estamos diante de um saber que não sabe, de um saber que sente, que intui sem consciência, que dirige cegamente sua ação para onde ela deve ir, ao ponto concreto que interessa. 

Consideramos o impulso vital repartidodo, por força da evolução, em duas direções opostas:
uma, perdendo sua energia de penetração, se abrindo em extensão, tomando, de fora, o maior número possível de ângulos do objeto que pretende captar. É a inteligência.
A outra, conservando sua direção para o singular e concreto, tentando apreender os objetos por dentro, na sua interioridade. É o instinto. 

A primeira amolda-se à matéria. O segundo, acomoda-se à vida

Se fizermos coincidir, por um instante, inteligência e instinto, teríamos certamente, como resultado, uma intuição, isto é, "um instinto que se tornou desprendido, consciente de si mesmo, capaz de refletir seu objeto e de o ampliar infinitamente".



A aventura do pensamento


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