O pensamento de Nietzsche sobre as utopias igualitárias é vasto, está presente em muitas de suas obras, mas, podemos descrever a ideia principal da seguinte forma:
É a moral dos escravos.
É a moral dos ressentidos, dos mansos, dos domesticados, dos
piedosos, dos covardes.
Em não podendo ser forte os fracos, que são a maioria na
humanidade, imputaram aos fortes a alcunha do mal.
É o ressentimento dos fracos contra os fortes se tornando
ideologia.
Os fracos inverteram os valores criados pelos nobres e
criaram uma nova ideologia: o que vem dos fortes é mau o que vem dos fracos é
bom!
Com isso eles querem transformar em força a própria fraqueza,
os miseráveis almejam o poder.
Transformam a impotência e a covardia em virtude, o medo em
humildade.
Incapaz de vencer o forte o ressentido quer vingança.
O Paraíso, seja no céu com o cristianismo ou na terra com o
comunismo, surge como produto do ódio, da inveja e do desejo de vingança dos
fracos.
Nietzsche e a crença
criada por Rousseau.
"Uma ilusão na doutrina da subversão.
Há visionários políticos e sociais que com eloquência e
fogosidade pedem a subversão de toda ordem, na crença de que logo em seguida o
mais altivo templo da bela humanidade se erguerá por si só.
Nestes sonhos perigosos ainda ecoa a superstição de
Rousseau, que acredita numa miraculosa, primordial, mas, digamos, soterrada
bondade da natureza humana, e que culpa por esse soterramento as instituições
da cultura, na forma de sociedade, Estado, educação.
Infelizmente aprendemos, com a história, que toda subversão
desse tipo traz a ressurreição das mais selvagens energias, dos terrores e
excessos das mais remotas épocas, há muito tempo sepultados: e que, portanto,
uma subversão pode ser fonte de energia numa humanidade cansada, mas nunca é organizadora,
arquiteta, artista, aperfeiçoadora da natureza humana.
- Não foi a natureza moderada de Voltaire, com seu pendor a
ordenar, purificar e modificar, mas sim as apaixonadas tolices e meias verdades
de Rousseau que despertaram o espírito otimista da Revolução, contra o qual eu
grito: "Ecrasez l'infâme [Esmaguem o infame]!.
Graças a ele o espírito do Iluminismo e da progressiva
evolução foi por muito tempo afugentado: vejamos - cada qual dentro de si - se
é possível chamá-lo de volta!"
Nietzsche falando do cristianismo.
"Quando, numa
manhã de domingo, ouvimos repicarem os velhos sinos, perguntamos a nós mesmos: mas
será possível?
Isto se faz por um
judeu crucificado há dois mil anos, que se dizia filho de Deus.
Não existe prova para
tal afirmação.
Em nossos tempos, a
religião cristã é certamente uma antiguidade que irrompe de um passado remoto,
e o fato de crermos nessa afirmação (quando normalmente somos tão rigorosos no
exame de qualquer pretensão, é talvez a parte mais antiga dessa herança).
Um deus que gera
filhos com uma mortal; um sábio que exorta a que não se trabalhe, que não mais
se julgue, mas que se atente aos sinais do iminente fim do mundo; uma justiça
que aceita o inocente como vítima substituta; alguém que manda seus discípulos
beberem seu sangue; preces por intervenções miraculosas; pecados cometidos
contra um deus expiados por um deus; medo de um Além cuja porta de entrada é a
morte; a forma da cruz como símbolo, num tempo que já não se conhece a
destinação e a ignomínia da cruz.
Que estremecimento nos
causa tudo isso, como o odor vindo de um sepulcro antiquíssimo! Deveríamos crer
que ainda se crê nessas coisas?"
Nietzsche falando sobre o socialismo.
"O socialismo é o fantasioso irmão mais jovem do quase
decrépito despotismo, do qual quer herdar; suas aspirações, são, portanto, no
sentido mais profundo, reacionárias. Pois ele deseja uma plenitude de poder
estatal como só a teve alguma vez o despotismo, e até mesmo supera todo o
passado por aspirar ao aniquilamento formal do indivíduo: o qual lhe aparece
como um injustificado luxo da natureza e deve ser transformado e melhorado por
ele em um órgão da comunidade adequado a seus fins.
Em virtude de seu parentesco, ele aparece sempre na
proximidade de todos os excessivos desdobramentos de potência, como o antigo
socialista típico, Platão, na corte do tirano siciliano: ele deseja (e propicia
sob certas cirscunstâncias) o Estado ditatorial cesáreo deste século, porque,
como foi dito, quer ser seu herdeiro.
Mas mesmo essa herança não bastaria para seus fins, ele
precisa de mais servil submissão de todos os cidadãos ao Estado incondicionado
como nunca existiu algo igual; e como nem sequer pode contar mais com a antiga
piedade religiosa para com o Estado, mas antes, sem querer, tem de trabalhar
constantemente por sua eliminação – a saber, porque trabalha pela eliminação de
todos os Estados vigentes -, só pode ter esperança de existência, aqui e ali,
por tempos curtos, através do extremo terrorismo.
Por isso prepara-se em surdina para dominar pelo pavor e
inculca nas massas semicultas a palavra ‘justiça’ como um prego na cabeça, para
despojá-las totalmente de seu entendimento (depois que esse entendimento já
sofreu muito através da semicultura) e criar nelas, para o mau jogo que devem
jogar, uma boa consciência.
O socialismo pode servir para ensinar, bem brutal e
impositivamente, o perigo de todos os acúmulos de poder estatal e, nessa
medida, infundir desconfiança diante do próprio Estado.
Quando sua voz rouca se junta ao grito de guerra ‘o máximo
possível de Estado’, este, em um primeiro momento, se torna mais ruidoso que
nunca. Porém logo irrompe também o oposto, com força ainda maior: ‘o mínimo possível
de Estado’.
Nietzsche falando sobre os "humanistas" e protetores do planeta.
"Os perigosos entre os subversivos.
- Podemos dividir os que pretendem uma subversão da
sociedade entre aqueles que desejam alcançar algo para si e aqueles que o
desejam para seus filhos e netos.
Esses últimos são os mais perigosos; porque têm a fé e a boa
consciência do desinteresse.
Os demais podem ser contentados com um osso: a sociedade
dominante é rica e inteligente o bastante para isso.
O perigo começa quando os objetivos se tornam impessoais; os
revolucionários movidos por interesse impessoal podem considerar todos os
defensores da ordem vigente como pessoalmente interessados, sentindo-se então
superiores a eles."
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