Nietzsche disse que existiu um divisor de águas na história da humanidade, antes de Sócrates e Platão, e depois deles.
Nietzsche observou que antes deles a humanidade vinha como existia desde os tempos pré-históricos onde a dura realidade da vida humana em luta contínua contra a natureza e contra as demais espécies era a tônica pois essa sempre tinha sido a realidade humana no mundo.
Porém, depois deles, a partir deles, em especial Platão, a ilusão foi introduzida na humanidade.
Nietzsche marca essa fronteira com o fim gradativo da tragédia grega e do culto do deus Dionísio.
Em vista disso vamos colocar alguma coisa sobre a Tragédia Grega.
A Tragédia Grega foi uma forma dramática popular e influente encenada nos teatros em toda a Grécia antiga a partir do final do século VI aC.
Os dramaturgos mais famosos do gênero foram Ésquilo, Sófocles e Eurípides e muitos de seus trabalhos permaneceram sendo encenados por séculos após a sua apresentação inicial.
A Tragédia Grega originou a Comédia Grega e, em conjunto, esses gêneros formaram o alicerce sobre o qual todo o teatro moderno ocidental se baseia.
Teatro grego
As origens da tragédia
As origens da tragédia não são um consenso, alguns associam a sua ascensão em Atenas, com a arte inicial grega no desempenho lírico e da poesia épica.
Outros sugerem uma forte ligação com os rituais realizados no culto ao deus Dionísio onde existia um ritual com uma canção com nome parecido com "tragédia" e o uso de máscaras.
Dionísio ficou conhecido como o deus do teatro e do vinho e talvez por isso exista uma outra conexão - os ritos com bebidas o que resultavam na adorador perder o controle completo de suas ações e emoções e tornar-se uma outra pessoa.
A música e dança de ritual dionisíaco foi mais evidente no papel do coro e da música, elementos rítmicos também foram preservados no uso de palavras faladas dos rituais.
A encenação da Tragédia
Era realizado em um teatro ao ar livre como o de Dionísio em Atenas e aberto a toda a população do sexo masculino (a presença de mulheres não era permitida), o enredo das tragédias eram quase sempre inspirados em episódios da mitologia grega, que devemos lembrar faziam parte dos cultos religiosos gregos.
Como isto era um assunto sério, muitas vezes tratados com aspectos morais, não era permitida nenhuma violência no palco e a morte de um personagem tinha de ser restrita ao palco.
Da mesma forma, pelo menos nos estágios iniciais, o autor não podia fazer comentários ou declarações políticas durante a encenação, e o tratamento mais direto dos acontecimentos contemporâneos tiveram que esperar a chegada do gênero menos austera e convencional, comédia grega.
Posteriormente passaram a relatar acontecimentos da Grécia.
As primeiras tragédias tinham apenas um ator que vestiria um traje adequado e usaria uma máscara, permitindo-lhe se passar por um deus.
Aqui podemos ver uma ligação com o ritual religioso, no início tal encenação pode ter sido feita por um religioso.
O coro era formado por um grupo de até 15 atores que cantavam e dançavam.
Alguns procedimentos do ator durante a encenação foram mudando usando uma pequena tenda atrás do palco que viria a se tornar uma fachada monumental, e assim a peça passou a ser repartida em episódios distintos.
É creditada a Frínico a ideia de dividir o coro em diferentes grupos para representar homens, mulheres, idosos, etc. (embora todos os atores no palco eram do sexo masculino).
Em seguida foram introduzidos dois e depois três atores no palco, no entanto, uma peça podia ter muitos artistas não falando nada.
Finalmente, é creditado a Agatão a introdução de interlúdios musicais alheios à história em si.
Os autores dos textos das tragédias.
O primeiro dos grandes poetas trágicos foi Ésquilo, 525 -456 a.C.
Inovador, acrescentou um segundo ator para funções menores e pela inclusão de mais diálogo em suas peças, ele acrescentou mais drama nas histórias já familiares para as suas plateias.
Ésquilo, muitas vezes mudava o tema entre as peças.
Uma das peças dele é a trilogia Agamêmnon, As Coéforas e As Eumênides, conhecidos coletivamente como A Oresteia.
O trabalho de Ésquilo é dado que consistiu em pelo menos 70 peças das quais apenas 6 ou 7 sobreviveram íntegras.
O segundo grande poeta trágico foi Sófocles, 496-406 aC.
Foi muito popular, ele acrescentou um terceiro ator no processo e empregou cenário pintado e mudanças de cenário durante a encenação.
Três atores permitiram mais sofisticação em termos de enredo.
Uma de suas obras mais famosas é Antigona (442 aC)(Antígona, filha de Édipo, e irmã de Etéocles e Polinice), no qual o personagem principal paga o preço final para enterrar seu irmão Polinices contra a vontade do rei Creonte de Tebas.
É uma situação clássica de tragédia - o direito político de terem os traidores os direitos fúnebres negados contrastado com o direito moral de uma irmã tentando sepultar seu irmão.
Outros trabalhos incluem Ájax, As Traquínias, Édipo Rei, Electra e Filoctetes, Sofocles escreveu mais de 100 peças, das quais sete sobreviveram.
O último dos autores clássicos da tragédia foi Euripides (484-407 aC), conhecido por seus diálogos inteligentes e um certo realismo em sua apresentação no palco.
Ele gostava de fazer perguntas embaraçosas e abalar o público com seu tratamento instigante de temas comuns.
Dos cerca de 90 peças que compôs 19 sobreviveram, entre elas a mais famosa é Medeia, onde Jason, famoso pelo Velocino de Ouro, troca a personagem do título pela a filha do rei de Corinto, como vingança Medeia mata os próprios filhos.
O legado da Tragédia.
Os trabalhos dos autores de tragédias, em especial os dos três principais, passaram a ser estudados nas escolas gregas.
No mundo romano, as tragédias foram traduzidas e encenadas em latim, em Roma a tragédia grega deu origem a uma nova forma de arte do século I aC, a Pantomima.
E de Roma foi divulgada e estudada no mundo ocidental.
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